Obesidade e transtornos mentais: construindo um cuidado efetivo

Autores

  • Isabela Azeredo Melca Departamento de psiquiatria. Policlínica Piquet Carneiro. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Sandra Fortes Núcleo de Saúde Mental. Policlínica Piquet Carneiro. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.12957/rhupe.2014.9794

Resumo

Os processos de saúde e adoecimento são influenciados por fatores biológicos, psicológicos e sociais. A obesidade é comumente associada aos transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Esta associação é constatada em ambas as direções. Transtornos mentais, como os alimentares, a depressão e ansiedade, favorecem o desenvolvimento da obesidade, assim como a obesidade aumenta a incidência dos transtornos mentais. Quando ocorre a ruptura da estabilidade e da homeostase pelo estresse crônico e fatores determinados geneticamente, pelo meio ambiente e pelas relações afetivas e suporte psicossocial, há uma sobrecarga alostática. Através desta sobrecarga alteram-se múltiplos sistemas e surgem doenças clínicas, como hipertensão, diabetes, síndrome metabólica e também doenças psíquicas, tais como a depressão e a ansiedade. O diagnóstico dos transtornos mentais é feito pela combinação de sintomas, queixas somáticas e psíquicas. Queixas físicas por vezes inexplicáveis e sintomas genéricos como humor depressivo, tristeza, impaciência, irritação, inquietação, além da alteração do sono e do apetite, podem estar presentes em diversos transtornos físicos ou mentais. Essa combinação muitas vezes dificulta o correto diagnóstico em pacientes obesos. Os profissionais da atenção básica devem alertar-se para queixas físicas e para os sofrimentos psíquicos presentes em quadros orgânicos. A compreensão dos efeitos fisiopatológicos do estresse e dos transtornos mentais no adoecimento físico reforça a necessidade de que o cuidado efetivo às doenças crônicas não transmissíveis, incluindo a obesidade, seja organizado a partir de modelos que possam abordar também estes aspectos. O tratamento necessita ser integral para que o cuidado seja realmente efetivo. Deve ser centrado na pessoa, na família e na comunidade ao invés de se organizar ao redor da doença. Isso é fundamental no tratamento da obesidade, pois esta se relaciona diretamente a hábitos de vida, estado emocional e nível de estresse, dependendo de uma transformação do indivíduo e de sua forma de viver para sua resolução. Através dessa abordagem, a atenção básica pode promover a saúde e prevenir agravos.

Descritores: Obesidade; Transtorno da compulsão alimentar; Carga alostática; Atenção primária à saúde.

 

Revista HUPE, Rio de Janeiro, 2014;13(1):18-25

doi:10.12957/rhupe.2014.9794

Biografia do Autor

Isabela Azeredo Melca, Departamento de psiquiatria. Policlínica Piquet Carneiro. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Departamento de psiquiatria. Policlínica Piquet Carneiro. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Sandra Fortes, Núcleo de Saúde Mental. Policlínica Piquet Carneiro. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Núcleo de Saúde Mental. Policlínica Piquet Carneiro. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

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Publicado

2014-03-17

Edição

Seção

Artigos