Diagnóstico laboratorial

Autores

  • Angela Maria Werneck Barreto Médica do Serviço de Laboratório do Centro de Referência Professor Hélio Fraga. Mestre em Microbiologia.
  • Paulo Cesar de Souza Caldas Biólogo do Serviço de Laboratório do Centro de Referência Professor Hélio Fraga. Especialista em Microbiologia.
  • Carlos Eduardo Dias Campos Biólogo do Serviço de Laboratório do Centro de Referência Professor Hélio Fraga. Especialista em Microbiologia.
  • Fátima Moreira Martins Farmacêutica e Bioquímica do Serviço de Laboratório do Centro de Referência Professor Hélio Fraga. Mestre em Microbiologia.

Resumo

As micobactérias estão posicionadas taxonomicamente na Ordem Actinomycetales, Subordem Corynebacterineæ Família Mycobacteriaceæ, sendo Mycobacterium tuberculosis a espécie-tipo do Gênero Mycobacterium, que apresenta aproximadamente 100 espécies descritas. Esse é constituído por bacilos imóveis, não esporulados, não encapsulados, medindo de 1 a 10 micrômetros de comprimento por 0,2 a 0,6 micrômetros de largura, sendo a propriedade morfotintorial de álcool-ácido resistência a mais importante desse gênero. O alto conteúdo lipídico da sua parede celular, que pode atingir até 40 % do peso seco das células, é responsável por importantes efeitos biológicos no hospedeiro como a indução da formação de granuloma, atividade adjuvante, indução da formação de zona eletrotransparente, antigenicidade, etc. A maioria das espécies é cultivada in vitro e não requerem fatores de crescimento para sua nutrição, sendo o glicerol e a asparagina as principais fontes de carbono e nitrogênio, respectivamente. Algumas espécies patogênicas apresentam exigências nutritivas como o caso de M. hæmophilum em relação à hemina ou hemoglobina, e outras são incultiváveis, como é o caso de M. lepræ. De modo geral as células apresentam crescimento lento, sendo que M. tuberculosis tem o tempo de geração de 18 horas em meio de Lowenstein-Jensen (L-J). A maioria das micobactérias de interesse humano e animal têm como temperatura ótima de crescimento 35/37ºC. São resistentes às ações de agentes químicos, mas sensíveis à ação de agentes físicos, como a radiação ultravioleta e o calor. São aeróbias ou microaerófilas. A pigmentação que algumas espécies de micobactérias apresentam é determinada pela síntese de ß-carotenos.M. tuberculosis é a espécie cultivável de maior importância médica por ser o principal agenteDiagnósti coLaboratoria oratoriaoratoria lAngela Maria W. BarretoPaulo Cesar de S. CaldasCarlos Eduardo D. CamposFátima M. MartinsAno 5, Julho / Dezembro de 2006 69etiológico da tuberculose, e, juntamente com M. bovis, M.africanum e M. microtti formam o “Complexo” M. tuberculosis. Embora outras espécies patogênicas e potencialmente patogênicas sejam isoladas em freqüência baixa em nosso meio, é importante que laboratórios de referência possam identificá-las corretamente para orientar o tratamento. As micobactérias “não tuberculosas” (MNT) mais isoladas no Brasil são as do “Complexo” M. avium-intracellulare, M. fortuitum, M. kansasii e M. abscessus e causam principalmente, doença pulmonar e ganglionar. Essas e outras formas têm sido encontradas em pacientes soropositivos para o vírus da imunodeficiência adquirida, sendo que esse grupo contribui hoje com a metade da casuística das micobacterioses no Brasil. Outras espécies de interesse humano têm sido isoladas em algumas regiões do mundo como M. marinum, M. xenopi, M. ulcerans, M. szulgai, M. hæmophilum, M. malmoense, M. africanum, mas até o momento são pouco conhecidas no nosso meio.Como essas espécies podem ser isoladas também do meio ambiente (solo, água, etc.), deve-se ter cautela em atribuir a elas a responsabilidade pela etiologia em um paciente. Para tal é necessário que se isole repetida e sucessivamente a espécie em meio de cultura (pelo menos três isolamentos), com crescimento superior a 20 colônias ou isolamento a partir de material de lesão fechada. O isolamento de M. tuberculosis mesmo em cultura mista com outra espécie exclui a possibilidade de uma micobacteriose.

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Publicado

2006-12-31

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Seção

Artigos