Associação entre consumo de álcool, quedas e internação em idosos

Gleiverson S. Sequeto, Natalia A. Santos, Lilian Atalaia-Silva, Cláudia Helena C. Mármora

Resumo


Introdução: O envelhecimento associado a perdas cognitivas,
como velocidade de processamento e tempo de reação, e
ao alto consumo de álcool aumenta o risco de quedas tendo
como desfecho a internação. Objetivo: Analisar a associação
entre o consumo alcoólico de risco e quedas em idosos, relacionando
a incidência de quedas a períodos de internações
anteriores verificando diferenças no consumo alcoólico de
risco entre homens e mulheres. Materiais e métodos: Estudo
do tipo transversal, descritivo, utilizando dados do projeto
FIBRA-JF com idosos que declararam consumo de álcool.
Foram analisados dois subgrupos (M e F) relacionando o
consumo de risco com quedas e internação por pelo menos
uma noite nos últimos doze meses. Resultados: A amostra
composta por 128 idosos que relataram consumir álcool foi
de 73 mulheres e 55 homens. Os resultados demonstraram
que não houve diferença significativa para o consumo de
risco de bebidas alcoólicas tanto nos homens (n=16,51%)
quanto nas mulheres (n=37,16%) com (p≤0,05). Não houve
correlação entre consumo de risco e quedas nos homens
(p=69,41%), sendo observada diferença estatisticamente
significativa nas mulheres, com p= 99,55%). Os idosos que
consumiram de 2 a 3 doses por dia sofreram 3 quedas nos
últimos 12 meses e aqueles que consumiram de 4 a 5 doses,
sofreram 2 quedas nos últimos 12 meses. O consumo de risco
de álcool em homens e mulheres associado à internação por
pelo menos uma noite não apresentou relevância estatisticamente
significativa. Com relação ao número de doses
consumidas entre homens e mulheres, não se atingiu o nível
de significância estabelecido inicialmente (p=0,07, para
p≤0,05), sendo que os homens ingerem maior quantidade
de bebidas alcoólicas em relação às mulheres. Conclusões:
O consumo de risco de bebidas alcoólicas em idosos pode
estar relacionado com maior ocorrência de quedas nesta
população, principalmente no gênero feminino devido a
diversos fatores biológicos. Sendo assim, as mulheres possuem
maior predisposição a sofrer quedas.


Descritores: Acidentes por quedas; Alcoolismo;
Envelhecimento.


Texto completo:

PDF

Referências


Balbinot AD, Horta RL, Costa JSD, et al. Hospitalizações por uso

de drogas não se alteram com uma década de Reforma Psiquiátrica.

Rev Saude Publica. 2016;50:2.

Organização Mundial da Saúde (OMS). OMS, 2017 Estatísticas

mundiais de saúde 2017: Monitoramento da saúde para os

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Genebra:OMS;

Organização Mundial da Saúde (OMS). CISA - Centro de Informações

sobre Saúde e Álcool. Relatório Global sobre Álcool e

Saúde–2014. Genebra:OMS; 2014.

Ceylan-Isik AF, McBride SM, Ren J. Sex diference in alcoholism:

who is at a greater risk for development o alcoholic complication?

Life Sciences. [S.l.]. 2010;86:136-138.

Scheffer M, Almeida RMM. Consumo de álcool e diferenças entre

homens e mulheres: comportamento impulsivo, aspectos cognitivos

e neuroquímicos. Revista Neuropsicologia Latinoamericana.

;2(3):1-11.

Oliveira JB, Kerr-Corrêa F, Lima MCP, et al. Validity of alcohol

screening instruments in general population gender studies: an

analytical review. Current drug abuse reviews. 2014;7(1):59-65.

Wolle CC, Sanches M, Zilberman ML et al. Differences in drinking

patterns between men and women in Brazil. Rev. Bras. Psiquiatr.

[Internet]. 2011 Dec [cited 2018 May 07];33(4):367-373.

Wilsnack R, Wilsnack S, Obot I. Why study gender, alcohol and

culture. Alcohol, gender and drinking problems: perspectives from

low and middle income countries.[Geneva]. World Health Organization.

;1-23.

Oliveira JB, Santos JLF, Kerr-Corrêa F, et al. Alcohol screening

instruments in elderly male: a population-based survey in metropolitan

São Paulo, Braz Rev Bras Psiquiatr. 2011;33(4):347-352.

Grinfeld H. Álcool e suas consequências: uma abordagem multiconceitual.

Consumo abusivo de álcool durante a gravidez. São

Paulo: Editora Manole, 2009;179-99.

Immonen S, Valvanne J, Pitkala KH. Alcohol use of older

adults: drinking alcohol for medicinal purposes. Age ageing.

;40(5):633-6377.

Lima MCP, Simão MO, Oliveira JB, et al. Alcohol use and falls

among the elderly in Metropolitan São Paulo, Brazil. Cad. Saúde

Pública [Internet]. 2009 Dec [cited 2018 May 07];25(12):2603-

Jonas LT, Silva JV, Mendes MA. Construção da escala avaliativa

do risco de quedas para pessoas idosas não institucionalizadas

Rev enferm UFPE on line., 2015 Recife, 9(Supl. 4):7977-85.

Halme, JT, Seppä, K, Alho, H, et al. Alcohol consumption and

allcause mortality among elderly in Finland. Drug Alcohol Depend.

;106(2-3):212-218.

Lopes MA, Furtado EF, Ferrioli E, et al. Prevalence of alcohol-

-related problems in an elderly population and their association

with cognitive impairment and dementia. Alcohol Clin Exp Res.

;34(4):726-733.

Peters R, Peters J, Warner J, et al. Alcohol, dementia and

cognitive decline in the elderly: a systematic review. Age Ageing.

;37:505–512.

Lane SD, da Costa SC, Teixeira AL, et al. The impact of substance

use disorders on clinical outcomes in older-adult psychiatric

inpatients. Int J Geriatr Psychiatry. 2018 Feb;33(2):e323-329.

Souza JG, Jones KM, Fonseca AD, et al. Consumption profile

and factors associated with the ingestion of beer and distilled

beverages among elderly Brazilians: Gender differences. Geriatr

Gerontol Int. 2016;16(7):810-20. doi: 10.1111/ggi.12556. Epub

Aug 5.

Cruz DT, Ribeiro LC, Vieira MT, et al. Prevalência de quedas

e fatores associados em idosos. Rev Saúde Pública. 2012;

(1):138-46.

Falsarella CR, Gasparotto LPR, Coimbra AMV. Quedas: conceitos,

frequências e aplicações à assistência ao idoso. Revisão da

literatura. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2014;17(4):897-910.

Pillon SC, Santos MA, Kano MY, et al. Registros de óbitos e internações

por transtornos relacionados ao uso de álcool em idosos

Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2011;19(4):536-40.

Barbosa MB, Pereira CV, Cruz DT, et al. Prevalência e fatores

associados ao consumo de álcool e de tabaco em idosos não

institucionalizados. Rev Bras Geriatr Gerontol. Rio de Janeiro,

; 21(2):125-135.

Chamberlain AM, Sauver JL, Jacobson DJ, et al. Social and

behavioural factors associated with frailty trajectories in a population-

based cohort of older adults. BMJ Open. 2016;6:1-11.

Remor CB, Bós AJG, Werlang MC. Características relacionadas

ao perfil de fragilidade no idoso. Sci Med. 2011; 21(3):107-112.

Roerecke M, Rehm J. Cause-specific mortality risk in alcohol use

disorder treatment patients: a systematic review and meta-analysis.

Int. J. Epidemiol. 2014;43(3):906-919.

Lourenço RA, Moreira VLG, Banhato EFC, et al. Prevalence of

frailty and associated factors in a community- dwelling older

people cohort living in Juiz de Fora, Minas Gerais, Brazil: Fibra-JF

Study. Ciênc Saúde Coletiva. 2019;24(1):35-44.

Santos WS, Gouveia VV, Fernandes DP, et al. Alcohol Use

Disorder Identification Test (AUDIT): explorando seus parâmetros

psicométricos. J Bras Psiquiatr. [Internet]. 2012 [cited 2018 May

;61(3):117-123.

Meneses-Gaya C, Zuardi AW, Loureiro SR, et al. Alcohol Use Disorders

Identification Test (AUDIT): an updated systematic review

of psychometric properties. Psychol Neurosci. 2009;2(1):83-97.

Babor TF, Higgins-Biddle J, Saunders J, et al. The alcohol use

disorders identification test: guidelines for use in primary care.

[internet] 2. ed. Genebra: World Health Organization; 2001.

Soares SM, Lima EDRP, Naegle MA, et al. Consumo de álcool

e qualidade de vida em idosos na saúde da família. R. Enferm.

Cent. O. Min. 2016 set/dez; 6(3):2362-2376

O’Connell H, Chin AV, Cunningham C, et al. Alcohol use disorders

in elderly people: redefining an age old problem in old age. BMJ.

; 327(7416):664-7.

Schmidt MI, Duncan BB, Azevedo e Silva G, et al. Chronic

non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges.

Lancet. 2011;377(9781):1949-61. doi: 10.1016/S0140-

(11)60135-9. Epub 2011 May 9.

Martins GSB. Influência do Tabagismo e Alcoolismo na Densidade

Mineral Óssea. Rev Med Saúde Brasília. 2012;1(1):4-9.

Moraes LFS, Silva EN, Silva DAS, et al. Gastos com o tratamento

da osteoporose em idosos do Brasil (2008 2010): análise dos

fatores associados. Rev Bras Epidemiol. 2014;17(3):719-34.

Wilsnack R, Wilsnack S. Gender and alcohol individual and social

perspectives. Nova Jérsei: Rutgers Center of Alcohol Studies;

Hunkeler EM, Hung YY, Rice DP, et al. Alcohol consumption

patterns and health care costs in an HMO. Drug Alcohol Depend.

;64(2):181-90.

Rao R, Schofield P, Ashworth M. Alcohol use, socioeconomic

deprivation and ethnicity in older people. BMJ Open. 2015;5:1-6.

Sales MVC, Silva TJA, Gil Jr LA, et al. Efeitos adversos da internação

hospitalar para o idoso. Rev Bras Geriatr Gerontol. [S.l.].

;4(4):238–246.

Nassisi D, Korc B, Hahn S, et al. The Evaluation and management

of the acutely agitated elderly patient. Mt Sinai J Med. 2006

[S.l.];73(7):976-984.

Schmidt PMS, Giordani AM, Rossi AG, et al. Avaliação do equilíbrio

em alcoólicos. Braz J Otorhinolaryngol. 2010 [S.l.];76:148-




DOI: https://doi.org/10.12957/rhupe.2018.40810