Satisfação com a vida em idosos residentes na comunidade

Eliane F. C. Banhato, Pricila Cristina C. Ribeiro, Danielle V. Guedes

Resumo


Introdução: A avaliação positiva de bem-estar e satisfação
com a vida (SV) influencia os desfechos de saúde na velhice.
O estudo da SV pode auxiliar na prevenção de perdas funcionais
e da mortalidade. Objetivo: Investigar a associação entre
SV (atual/global e comparada com pessoas de mesma idade)
e dados sociodemográficos, saúde física e mental, suporte
social, capacidade funcional (desempenho em Atividades
Básicas e Instrumentais de Vida Diária – ABVDs e AIVDs) e
cognição de idosos da comunidade. Materiais e métodos:
Inquérito realizado no Estudo Fibra-JF, em Juiz de Fora (MG),
com 427 idosos (≥65 anos). Utilizou-se entrevista semiestruturada
e instrumentos validados para o Brasil. Resultados:
Houve predomínio de mulheres (69,6%). As médias etária e de
escolaridade foram de 74,44 (DP=6,87) e 5,42 (DP=4,16) anos,
respectivamente. Identificou-se maioria com alta SV global/
atual (p<0,001) e comparada (p<0,001). A SV atual associou-se
significativamente com cognição (p<0,001) e sintomas depressivos
(p<0,001) e a SV comparada, com escolaridade (p=0,041)
e sintomas depressivos (p<0,001). A razão de prevalência
entre SV hoje e sintomas depressivos e cognição foi de 0,949
(IC=0,931-0,967) e 0,847 (IC=0,812-0,883), respectivamente.
Alta SV comparada associou-se negativamente com sintomas
depressivos [RP=0,904 (IC=0,876-0,933)] e escolaridade, com
prevalência de alta satisfação 1,38 vezes maior entre os analfabetos
do que entre aqueles com alta escolaridade. Conclusões:
Perdas cognitivas e sintomas depressivos podem diminuir a
SV em idosos. Compreender os fatores que modificam o curso
natural de SV pode auxiliar a intervenção clínica e psicológica,
proporcionando mais chances de bem-estar aos idosos.
Descritores: Satisfação pessoal; Qualidade de vida;
Envelhecimento.


Texto completo:

PDF PDF

Referências


OMS: Organização Mundial da Saúde. Envelhecimento ativo:

uma política de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da

Saúde; 2005.

Joia LC, Ruiz T. Satisfação com a Vida na Percepção dos Idosos.Rev Kairós Gerontologia. 2013;16(4):79-102.

Vecchia RD, Ruiz T, Bocchi SCM, et al. Qualidade de vida na

terceira idade: um conceito subjetivo. Rev Bras Epidemiol.

;8(3):246-252.

Neri AL. Idosos no Brasil: Vivências, desafios e expectativas na

terceira idade. São Paulo: Fundação Perseu Abramo/Editora

SESC; 2007.

Paschoal SMP. Autonomia e independência. In: Papaléo Neto M,

editor. Gerontologia. São Paulo: Atheneu; 1996. p. 313-323.

Ferrans C, Powers M. Psychometric assessment of the Quality of

Life Index. Res Nurs Health. 1992;15(1):29-38.

Llobet MP, Ávila NR, Farràs Farràs J, et al. Qualidade de vida,

felicidade e satisfação com a vida em anciãos com 75 anos ou

mais, atendidos num programa de atenção domiciliária. Rev.

Latino-Am. Enfermagem [periódicos na Internet]. mai-jun 2011

[acesso em 10 abr 2018];19(3). Disponível em: http://www.scielo.

br/pdf/rlae/v19n3/pt_04.pdf

Siqueira MMM, Padovam VAR. Bases teóricas de bem-estar

subjetivo, bem-estar psicológico e bem-estar no trabalho. Psic.

Teor. e Pesq. 2008;24(2):201-209.

Albuquerque FJB, Sousa FM, Martins CR. Validação das escalas

de satisfação com a vida e afetos para idosos rurais. Psico.

;41(1):85-92.

Gana K, Bailly N, Saada Y, et al. Does Life Satisfaction Change in

Old Age: Results From an 8-Year Longitudinal Study. J Gerontol B

Psychol Sci Soc Sci. 2013;68(4):540-552.

Schilling O. Development of life satisfaction in old age: Another

view on the ‘paradox’. Social indicators Research. 2006;75:241–

Sposito G, D’Elboux MJ, Neri AL, et al. A satisfação com a vida

e a funcionalidade em idosos atendidos em um ambulatório de

geriatria. Ciênc Saúde Coletiva. 2013;18(12):3475-3482.

Lebrão ML, Laurenti R. Saúde, bem-estar e envelhecimento: o

estudo SABE no Município de São Paulo. Rev Bras Epidemiol.

;8(2):127-141.

Pinto JM, Neri AL. Doenças crônicas, capacidade funcional,

envolvimento social e satisfação em idosos comunitários: Estudo

Fibra. Ciênc Saúde Coletiva. 2013;18(12):3449-3460.

Karttunen K, Karppi P, Hiltunen A, et al. Neuropsychiatric

symptoms and Quality of Life in patients with very mild and mild

Alzheimer’s disease. Int J Geriatr Psychiatry. 2011;26(5):473-482.

Daig I, Herschbach P, Lehmann A, et al. Gender and age

differences in domain-specific life satisfaction and the impact of

depressive and anxiety symptoms: a general population survey

from Germany. Qual Life Res. 2009;18:669-678.

Angelini V, Cavapozzi D, Corazzini L, et al. Age, Health and

Life Satisfaction Among Older Europeans. Soc Indic Res.

;105:293-308.

Wichmann FMA, Couto AN, Areosa SVC, et al. Grupos de convivência

como suporte ao idoso na melhoria da saúde. Rev Bras

Geriatr Gerontol. 2013;16(4):821-832.

Sposito G, Diogo MJD’E, Cintra FA, et al. Relações entre bem-estar

subjetivo e mobilidade e independência funcional por função

de grupo de faixas etárias e de gêneros em idosos. Acta Fisiatr.

;17(3):103-108.

Diener E, Suh EM, Lucas RE, et al. Subjective well-being: three

decades of progress. Psychol Bull. 1999;125(2):276-302.

Meléndez JC, Tomás JM, Oliver A, et al. Psychological and

physical dimensions explaining life satisfaction among the

elderly: a structural model examination. Arch Gerontol Geriatr.

;48(3):291-295.

John P, Montgomery P. Cognitive impairment and life satisfaction in

older adults. Int J Geriatr Psychiatry. 2010;25(8):814-821.

Lourenço RA, Moreira VLG, Banhato EFC, et al. Prevalence

of frailty and associated factors in a community-dwelling older

people cohort living in Juiz de Fora, Minas Gerais, Brazil: Fibra-JF

Study. Ciênc Saúde Coletiva. 2019;24(1):35-44.

Yesavage JA, Brink TL, Rose TL, et al. Development and validation

of a geriatric depression screening scale: a preliminary report.

J Psychiatr Res. 1983;17(1):37-49.

Lawton MP, Brody EM. Assessment of older people: self-maintaining

and instrumental activities of daily living. Gerontologist.

;9(3):179-186.

Lino VTS, Pereira SRB, Camacho LAB, et al. Adaptação transcultural

da Escala de Independência em Atividades da Vida Diária

(Escala de Katz). Cad Saúde Pública. 2008;24(1):103-112.

Folstein MF, Folstein SE, McHugh PR. Mini-mental state: a

practical method for grading the cognitive state of patients for the

clinicians. J Psychiatr Res. 1975;12(3):189-198.

Ribeiro Filho ST, Lourenço RA, Moreira VG. Comparing indexes of

frailty: the cardiovascular health study and the study of osteoporotic

fractures. JAGS. 2010;58(2):383-385.

Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Validity of the Center for

Epidemiological Studies Depression Scale among Brazilian elderly.

Rev. Saúde Pública. 2007;41(4):598-605.

Lustosa LP, Pereira DS, Dias RC, et al. Tradução e adaptação

transcultural do Minnesota Leisure Time Activities Questionnaire

em idosos. Geriatria & Gerontologia. 2011;5(2):57-65.

Mantovani EP, de Lucca SR, Neri AL. Associações entre significados

de velhice e bem-estar subjetivo indicado por satisfação em

idosos. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2016;19(2):203-222.

Batistoni SST, Prestes SM, Cachioni M, et al. Categorização e

Identificação Etária em uma Amostra de Idosos Brasileiros Residentes

na Comunidade. Psicol Reflex Crit. 2015;28(3):511-521.

Tomomitsu MRSV, Perracini MR, Neri AL. Fatores associados à

satisfação com a vida em idosos cuidadores e não cuidadores.

Ciênc Saúde Coletiva. 2014;19(8):3429-3440.

Erikson E. Identity and the life cycle. New York:W.W. Norton &

Company Inc. (Trabalho original publicado em 1959); 1980. p.

Baltes PB, Lindenberger U, Staudinger UM. Life span theory in

developmental psychology. In Lerner RM, Damon W (eds.). Handbook

of child psychology. 6 ed. v.1. Hoboken:John Wiley & Sons

inc; 2006. p. 569–664.

Meggiolaro S, Ongaro F. Life satisfaction among older people in

Italy in a gender approach. Ageing & Society. 2015;35(7):1481-

Marsillas S, De Donder L, Kardol T, et al. Does active ageing contribute

to life satisfaction for older people? Testing a new model of

active ageing. Eur J Ageing. 2017;14(3):295-310.

George LK. Still happy after all these years: research frontiers on

subjective well-being in later life. J Gerontol B Psychol Sci Soc

Sci. 2010;65B(3):331-339.

Pinto JM, Fontaine AM, Neri AL. The influence of physical and

mental health on life satisfaction is mediated by self-rated health:

A study with Brazilian elderly. Arch Gerontol Geriatr. 2016;65:104-

Wills TA. Modes and families of coping: an analysis of social

comparision in the structure of other cognitive and behavioral mechanisms.

In: Buunk BP, Gibbons F, editores. Health, Coping, and

Well-Being: Perspectives from social comparision theory. Mahwah:

Lawrence Erlbaum Associates; 1997. p. 167-194.

Neri AL, Vieira LAM. Envolvimento social e suporte social percebido

na velhice. Rev Bras Geriatr Geront. 2013;16(3):419-432.

Eliane F. C. Banhato e. cols. • Satisfação com a vida em idosos

revista.hupe.uerj.br

Artigo original

Gaymu J, Springer S. Living conditions and life satisfaction of older

Europeans living alone: A gender and cross-country analysis.

Ageing & Society. 2010;30(7):1153-1175.

Dutra FCMS, Silva HRO. Bem-estar subjetivo, funcionalidade e

apoio social em idosos da comunidade. Estud interdiscipl envelhec.

;19(3):775-79.

Resende MC, Bones VM, Souza IS, et al. Rede de relações sociais

e satisfação com a vida de adultos e idosos. Psicol Am Lat [periódico

na internet] (2006/Fev). [acesso em 22 ago 2018]. Disponível

em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=

S1870350X2006000100015&lng=pt&nrm=iso

Sivertsen H, Bjørkløf GH, Engedal K, et al. Depression and quality

of life in older persons: a review. Dement Geriatr Cogn Disord.

;40(5-6):311-339.

Soares SM, Silva PAB, Santos JFG, et al. Associação entre

depressão e qualidade de vida em idosos: atenção primária à

saúde. Rev Enferm UERJ. 2017;25:e19987.




DOI: https://doi.org/10.12957/rhupe.2018.40807