O paradigma da complexidade e os conceitos da medicina integral: saúde, adoecimento e integralidade

Autores

  • Maria Inez P. Anderson Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária. Faculdade de Ciências Médicas. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
  • Ricardo Donato Rodrigues Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária. Faculdade de Ciências Médicas. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.12957/rhupe.2016.29450

Resumo

A partir do ano de 1970, os conceitos de complexidade, integralidade e processo saúde-adoecimento vêm sendo objeto de um número crescente de estudos e revisões acadêmicas que visam ao desenvolvimento de novas racionalidades científicas, considerando as limitações que acompanham o paradigma cartesiano, instituído há mais de 200 anos. Os paradigmas científicos, como se sabe, influenciam e repercutem largamente no modo de pensar e agir inclusive no campo da saúde. O paradigma anatomoclínico, que constituiu as bases da medicina cientifica, é de cunho cartesiano. Embora tenha gerado muitos benefícios à prática médica, decorridos mais de dois séculos, dá mostras de sua insuficiência e inadequação para abordar os fenômenos relacionados ao processo saúde- adoecimento, vis a vis os modos de vida nas sociedades contemporâneas, o padrão de morbimortalidade e a expectativa de vida na atualidade. Considerando que o conhecimento está em permanente evolução, o objetivo deste artigo é trazer alguns subsídios à proposta de reorganização do modelo assistencial com base nos novos paradigmas científicos. A expectativa é apoiar o desenvolvimento de novas formas de compreender e atuar na saúde, superando práticas mecanicistas, não mais justificáveis, tanto no plano da educação médica, como no plano dos cuidados de saúde, especialmente no nível dos cuidados primários.

Descritores: Complexidade; Racionalidades médicas; Integralidade; Modelo biopsicossocial; Processo saúde-adoecimento.

Biografia do Autor

Maria Inez P. Anderson, Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária. Faculdade de Ciências Médicas. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária. Faculdade de Ciências Médicas. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Ricardo Donato Rodrigues, Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária. Faculdade de Ciências Médicas. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária. Faculdade de Ciências Médicas. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

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Publicado

2017-09-19