Apresentação

Autores

  • Luiz Guilherme Kraemer de Aguiar

DOI:

https://doi.org/10.12957/rhupe.2014.12546

Resumo

A obesidade é a doença crônica não comunicável mais prevalente em nosso meio. No Brasil, até o início do século passado, a mortalidade da população relacionava-se mais às doenças infectocontagiosas. Atualmente, as doenças cardiovasculares e o câncer estão entre as três principais causas de mortalidade, e a obesidade está, em grande parte, por trás disso. Esta doença é um enorme desafio à saúde pública e medidas isoladas não serão capazes de resolver este problema. Somente o esforço conjunto de todos os profissionais de saúde, em caráter multidisciplinar, associado às políticas públicas com impacto na prevenção do ganho ponderal e redução do peso da população podem, em longo prazo, diminuir ou talvez resolver este problema. Para isso, é de suma importância a formação de profissionais capazes de reconhecer a obesidade como doença, com fisiopatologia própria e com associação e risco para diversas comorbidades.

Vários são os aspectos que precisariam ser discutidos neste fascículo. Apesar de ser uma doença eminentemente metabólica, suas consequências à saúde poderiam ser discutidas em um compêndio. Esta edição da Revista HUPE traz à tona alguns pontos importantes. Inicialmente, serão abordados os custos da epidemia de obesidade para a sociedade brasileira, a sua forte relação com os transtornos mentais e a importância de um atendimento integral em obesidade, com profissionais capacitados para essa abordagem, aptos para promover mudanças comportamentais e de hábitos de vida. Também se discutirá a importância da obesidade infantil e seu risco precoce à saúde cardiovascular e, ainda, temas que relacionam a obesidade a algumas doenças ou alterações endócrinas, como a síndrome de ovários policísticos, o hipercortisolismo e o climatério. Em seguida, um aspecto importante da fisiopatologia da obesidade será discutido: o papel da inflamação como mediadora de alterações fisiopatológicas e, ainda, o exercício como fator de redução dessa inflamação de baixo grau. O tema seguinte mostra uma abordagem clínica e prática sobre o exercício como promotor de saúde para os portadores de obesidade, visto que a epidemia de obesidade é paralela à epidemia de sedentarismo nos dias atuais. Posteriormente, será abordado o papel da lipemia pós-prandial e das incretinas intestinais na fisiopatologia da aterosclerose em obesos. Por fim, dois artigos sobre o tratamento mais efetivo para obesidade atualmente: a cirurgia bariátrica - que, sabidamente, é capaz de promover redução da morbimortalidade cardiovascular e metabólica, porém com possível efeito deletério ao metabolismo ósseo e do cálcio -, e um estudo clínico realizado com a primeira coorte de pacientes bariátricos dessa universidade.

Espero que os temas abordados aqui tragam novos conhecimentos aos leitores e sirvam para suscitar em todos a curiosidade pelo conhecimento de uma antiga doença que, hoje, pela sua alta prevalência e risco aos seus portadores, é considerada um enorme desafio a todos os profissionais e gestores da saúde.

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