Apresentação

Autores

  • Luna Azulay-Abulafia Departamento de Especialidades Médicas. Serviço de Dermatologia. Hospital Universitário Pedro Ernesto. Faculdade de Ciências Médicas. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
  • Carlos Barcauí Disciplina de Dermatologia. Departamento de Especialidades Médicas. Faculdade de Ciências Médicas. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.12957/rhupe.2014.12245

Resumo

Desde os seus primórdios na Europa, em meados do século XVIII, quando as doenças da pele começaram a ser agrupadas e estudadas, a dermatologia caracteriza-se por sua enorme abrangência. No Brasil, teve o seu berço no Rio de Janeiro, onde se tornou especialidade médica em 1912, quando foi fundada a centenária Sociedade Brasileira de Dermatologia.Ao contrário do que pode sugerir a sua superficialidade, a pele pode desvelar doenças originadas em todos os órgãos do corpo humano, por vezes muito antes que sinais e sintomas específicos sejam percebidos. É, portanto, natural que tenhamos interface com grande parte de outras especialidades das áreas da saúde. A essas interfaces denominamos ‘Fronteiras da dermatologia’, tema do 52o Congresso Científico do Hospital Universitário Pedro Ernesto.Nessa edição comemorativa da Revista HUPE, buscamos a publicação de artigos que mostrem como são inúmeras essas fronteiras, inseridas dentro de um hospital geral, de caráter universitário.O trabalho Líquen plano esofágico dá destaque ao fato de que pacientes portadores de líquen plano com queixas gastrointestinais, devem ser encaminhados para a gastroenterologia para afastar o comprometimento esofágico que, quando não tratado, pode evoluir para graves complicações, inclusive malignização.O artigo Toxina botulínica: uma nova opção para o tratamento da neuralgia pós-herpética? revela a fronteira de intercâmbio com a neurologia, que certamente não se restringe à neuralgia pós-herpética; entretanto, recentes avanços terapêuticos com o uso da toxina botulínica aproximam as duas especialidades.Com relação à pediatria, é estreita a nossa colaboração. Temos, no nosso ambulatório de dermatologia, há anos, atendimento especial para crianças, no setor de dermatopediatria. Também quando é necessária, solicitamos os atendimentos pediátricos especializados, seja na genética, no ambulatório geral ou na enfermaria de pediatria. Há três artigos no fascículo, mostrando a importância dessa área de integração (pediatria-dermatologia): Frequência das dermatoses nos pacientes da enfermaria de pediatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto; Psoríase na infância; e Esporotricose em crianças e adolescentes atendidos no Hupe-Uerj entre 1997 e 2010: estudo clínicoepidemiológico. O primeiro mostra como é frequente a internação de crianças em que a interconsulta com a dermatologia se faz necessária; o segundo levanta tema de grande atualidade, que é a frequência e apresentação clínica da psoríase nas crianças; o terceiro revela a relação entre a pediatria e a micologia. Aliás, o nosso laboratório de micologia não atende apenas à dermatologia, mas a todo o hospital, prestando grande colaboração para o diagnóstico das infecções fúngicas no nosso meio.Nosso hospital conta com uma enfermaria de dermatologia, onde diagnósticos e tratamentos de alta complexidade são realizados com excelência. Além da participação dos médicos dermatologistas, conta com a colaboração eficiente e dedicada da enfermagem especializada.Cada vez ganha mais importância a especialização nessa área do conhecimento, na medida em que o tratamento clínico e medicamentoso necessita sempre da colaboração de enfermeiros e técnicos de enfermagem. Fato demonstrado no artigo Prevenção de amputação em idoso diabético: um relato de experiência na prática da enfermagem especializada em dermatologia. Fica evidente como a ação da enfermagem permitiu a prevenção da amputação de paciente internado para esse fim. A tentativa foi válida e bem sucedida.As diferentes técnicas de imagem que aprimoram os diagnósticos são um campo novo para o dermatologista. Recentemente no nosso hospital houve a aquisição de um microscópio confocal para uso in vivo com as primeiras apresentações de pacientes estudados com essa técnica. Também o uso da ultrassonografia é importante para nossa especialidade, como fica revelado no artigo Ultrassonografia de alta frequência (22 MHz) na avaliação dos tumores malignos cutâneos.Além de estarmos inseridos no hospital universitário, nosso relacionamento com a ciência básica também se faz perceber no estreito vínculo com o laboratório de HLA, vinculado à cadeira de histologia. A importância dos diferentes estudos em andamento ou já publicados demonstram como é fértil esse terreno. Assim o artigo Estudo da frequência dos antígenos leucocitários humanos (HLA) em pacientes com dermatite seborreica é mais uma das provas dessa integração.Muitas outras colaborações mais podemos destacar, como com a reumatologia, hematologia, pneumologia, dentre tantas especialidades.Nesses anos de convívio, a dermatologia se mostrou como especialidade respeitável, cuidando dos pacientes em todas as áreas, levando da doença para a saúde e da saúde para a beleza. Em suma, o dermatologista integral.

Publicado

2014-08-05