Considerações acerca da indignação social: os limites da tolerância ao sofrimento alheio

Autores

  • Sandra Leal de Melo Dahia Universidade Federal da Paraíba – UFPB

DOI:

https://doi.org/10.12957/epp.2017.37698

Palavras-chave:

indignação, estruturas, sofrimento

Resumo

Este artigo aborda a questão da indignação social com o sofrimento alheio a partir de uma perspectiva psicossocial. Inspirados em um estudo anterior que sugere que uma alta intensidade de agressividade em atos discriminatórios é capaz de provocar indignação, desenvolvemos algumas reflexões que aproximam aspectos dos trabalhos teóricos do psicanalista Christoph Dejours e do sociólogo Norbert Elias. O pensamento de Dejours permite entender como, no nível psíquico, reações adaptativas de tolerância ao sofrimento podem ser construídas progressivamente como estratégia para apagar a responsabilidade social na sua produção. Ele demonstra, através de uma análise realizada no mundo do trabalho, como a adesão a determinadas representações sociais contribui para tais mecanismos de defesa contra o sofrimento dos outros na sociedade atual. Tal processo, segundo Dejours, conduz a uma espécie de domesticação da reação de indignação social. Partindo de um ponto de vista histórico, Elias defende a ideia de um controle progressivo das emoções. Ele evidencia a moldagem histórica de estruturas sociais e psíquicas na formação de configurações sociais que informam modelos de interações, cujas expressões apresentam, a cada tempo, um padrão emocional específico. Consideramos, neste estudo, a possibilidade de que certas configurações emocionais atuais, tal como a atenuação da reação de indignação, possa ser reconhecida como um novo padrão emocional, principalmente ante formas não ostensivas de sofrimento, integrando um dos caminhos possíveis do processo civilizador.

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Publicado

25-10-2018

Como Citar

Dahia, S. L. de M. (2018). Considerações acerca da indignação social: os limites da tolerância ao sofrimento alheio. Estudos E Pesquisas Em Psicologia, 17(3), 989–1004. https://doi.org/10.12957/epp.2017.37698

Edição

Seção

Psicologia Social