A dimensão pública da violência de gênero e a inscrição política do corpo como território: muito mais do que “briga de marido e mulher”

Autores

  • Joice Graciele Nielsson Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul -UNIJUI, Rio Grande do Sul http://orcid.org/0000-0003-3808-1064
  • Ana Claudia Delajustine Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul -UNIJUI, Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.12957/rqi.2020.40621

Palavras-chave:

Patriarcalismo, Violência de gênero, Corpos femininos, Feminicídio

Resumo

Considerando dois fenômenos recentes que tem afetado o Brasil e, especialmente os países latino-americanos: o avanço de uma frente conservadora buscando desqualificar e até mesmo proibir o debate sobre o que se chamou de “ideologia de gênero”; e o alarmante aumento da violência contra a mulher, este artigo propõe uma reformulação nas teorias clássicas acerca da violencia de gênero e seu enclausuramento ao espaço do privado, doméstico, considerado como um problema individual decorrente de relações afetivas entre homens e mulheres. Seu objetivo é explorar a existência de uma dimensão pública, política e estatal dos crimes do patriarcalismo como uma pedagogia da crueldade que estruturalmente, e considera como hipótese, a partir da antropóloga argentina Rita Segato, que a violencia patriarcalista é estruturante do modelo estatal da modernidade colonial, e, portanto, sua reprodução é fundamental para a perpetuação deste modelo de poder. Na primeira parte do trabalho traça o caminho do patriarcado de baixa intensidade ao patriarcalismo moderno-colonial, resultando no corpo feminino como corpo-território político. Na segunda, configura a violencia de gênero como uma violência patriarcalista ou seja, em sua dimensão coletiva, pública e, portanto, política. Por fim, afirma que a violência legitimada nos corpos femininos faz circular marcas de soberania de uma confraria masculina que mantém seu funcionamento pelo poder soberano estatal. Utiliza-se, na investigação, o método fenomenológico, notadamente a partir das contribuições de Martin Heidegger e Hans-Georg Gadamer.

Biografia do Autor

Joice Graciele Nielsson, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul -UNIJUI, Rio Grande do Sul

Doutora em Direito – UNISINOS. Mestre em Direitos Humanos – UNIJUI. Professora do Programa de Pós-Graduação em Direito – Mestrado e Doutorado em Direitos Humanos, e do Curso de Graduação em Direito da UNIJUI. Integrante do Grupo de Pesquisa Biopolítica e Direitos Humanos.

Ana Claudia Delajustine, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul -UNIJUI, Rio Grande do Sul

Psicóloga, Bolsista Integral CAPES e Mestranda no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu – Curso de Mestrado da UNIJUÍ. Integrante do Grupo de Pesquisa Biopolítica e Direitos Humanos

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Publicado

2020-06-05

Como Citar

Nielsson, J. G., & Delajustine, A. C. (2020). A dimensão pública da violência de gênero e a inscrição política do corpo como território: muito mais do que “briga de marido e mulher”. REVISTA QUAESTIO IURIS, 13(01), 322–347. https://doi.org/10.12957/rqi.2020.40621