E PARA QUEM SABE LER PINGO É LETRA.

Autores

  • Amós Coêlho da Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

Palavras-chave:

memória, oratura, texto escrito, leitura.

Resumo

Entre os antigos gregos, um aedo ou rapsodo era capaz de memorizar longos trechos da Ilíada, que continha cerca de quinze mil versos, e da Odisséia, ou cerca de doze mil, ambos distribuídos em dezoito cantos. O divino aedo Demódoco, no canto VIII, fez Ulisses chorar de emoção quando ouviu suas aventuras cantadas tão docemente. Prevalecia o prestígio da memória. Estudos indicam que a oralidade e oratura, na década de 90, ocuparam cerca de 98% do tempo de evolução humana. Mas, no século XX, foi criado até curso de memorização, frente a fragmentação mnemônica do homem social diante da quantidade circulante de informações nos grandes centros urbanos, além da comodidade da agenda, que poupa o esforço de memorizar. A atraente mídia, com seus recursos televisivos, eletrônicos e de comunicação em geral, talvez consuma os cidadãos e os afaste da escrita. A criação da escrita gerou, como bem observou Houaiss, as profissões “do escriba-leitor e a do leitor- escriba”. Na transmissão do saber, temos o lente secundário e o universitário e seus leitores que vieram em consequência; donde, as escolas e as universidades. Se retivermos a sequenciação Iluminismo, Revolução Industrial, Revolução Francesa e a burguesia capitalista somam-se e forjam uma nova modernidade. Nisso tudo, a formação in fieri de leitor e escritor em geral para o exercício da cidadania, com ocupação de profissões qualificadas, no Brasil, fica aberta para letrados funcionais em torno de 2%, na proclamação da República (in HOUAISS: 37) e, na década de 90, em torno de 30% e, por conseguinte, 70% de analfabetos funcionais.

Biografia do Autor

Amós Coêlho da Silva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ

Possui graduação em Bacharel e Licenciado Letras Português Literatura pela Universidade Gama Filho (1974), mestrado em Língua Latina (Letras Clássicas) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985) e doutorado em Língua Latina (Letras Clássicas) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992). Atualmente é professor associado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Latim, atuando principalmente nos seguintes temas: filologia; linguística; literatura, lirismo; mito; teatro antigo; sátira; filologia e crítica literária. Tem atuado na graduação e pós-graduação “lato sensu”, na Especialização de Língua Latina, e “stricto sensu”, no mestrado, com Teoria da Literatura, estudando a obra literária em perspectiva tanto comparada quanto interdisciplinar. Projeto atual de pesquisa: “ANTIGUIDADE CLÁSSICA E A ATUALIDADE: PERMANÊNCIA E IMANÊNCIA. Palavras-chave: símbolo, humor, paródia, apropriação, ironia, sátira

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Publicado

2013-12-02

Como Citar

da Silva, A. C. (2013). E PARA QUEM SABE LER PINGO É LETRA. PRINCIPIA, (27), 1–13. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/principia/article/view/10569

Edição

Seção

Artigos