Editorial
DOI:
https://doi.org/10.12957/mnemosine.2023.76204Abstract
O ensaio que abre este número de Mnemosine evoca o contundente poema de Brecht, Intertexto, que situou, no passado, a chegada dos invasores - os que ocupam nossas casas aos poucos, sem serem notados, até que nos expulsam.
Primeiro levaram os negros/ Mas não me importei com isso/ Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários/ Mas não me importei com isso/ Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis/ Mas não me importei com isso/ Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados/ Mas como tenho meu emprego/ Também não me importei
Agora estão me levando/ Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém/ Ninguém se importa comigo.
Cada vez é mais necessário criar vacúolos de silêncio em meio a um insuportável vozerio. Assim, creio que basta o poema de Brecht ao Editorial de Mnemosine nesse primeiro número de 2023.
Obrigada a todxs que colaboraram.
Saúde, alegria.
Também querem levá-las.
Mas, no caso, isso nos importa e não estamos dispostxs a permitir.....
Heliana de Barros Conde Rodrigues