Indícios para a noção “Estranhamentos Emocionais Circunstanciais” em Mario de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa

Autores

  • Ariane Ewald UERJ

Palavras-chave:

estranhamentos emocionais circunstanciais, literatura, narrativas, psicologia social, existencialismo sartriano.

Resumo

Como podemos pensar a relação entre noções do domínio da subjetividade, que se apresentam como irrefutavelmente constituídas cientificamente, e suas versões em um outro campo, de constituição diversa, que chamamos de “literário”? Tendo este questionamento como princípio norteador dos meus trabalhos nos últimos anos, este texto procura desenvolver a noção de “estranhamento emocional circunstancial”, criada por mim para matizar as limitadoras classificações nosológicas e cientificistas. Para tal, utilizo a correspondência entre Mario de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa procurando evidenciar como estas narrativas expressam esta noção evidenciando a forma pela qual o campo literário se apresenta como cenário de lutas íntimas, travadas em torno das emoções, fundamentais para a Psicologia, e que ganham forma e estatuto diverso no campo da ciência, em particular no da Psiquiatria. A correspondência trocada entre Mario de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa ganha sentido ao desvelar esta dupla relação, pois evidencia o paradoxo das emoções numa época em que expor-se, mesmo intimamente, não era parte das pretensões destes autores, mas que tornou-se uma tendência na atualidade. Este campo tem profundo interesse para a Psicologia, especialmente àquele vinculado ao Existencialismo de Jean-Paul Sartre, pensamento com o qual tenho grandes afinidades em minhas reflexões. O texto também coloca em cena as noções de saudade e melancolia, pois nelas encontramos também indícios que auxiliam a compor o que chamei de estranhamento emocional circunstancial.

 

 

Biografia do Autor

Ariane Ewald, UERJ

Sou professora do Instituto de Psicologia e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social – Mestrado e Doutorado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Tenho desenvolvido pesquisas que procuram discutir a relação entre Subjetividade e Literatura na área de Psicologia Social. Entre minhas publicações mais recentes estão  Subjetividades e Temporalidades: diálogos impertinentes e transdisciplinares, (Organizadora, Ed. Garamond/Faperj, 2014) com o texto Subjetividade, tempo e memória nas crônicas folhetinescas, escrito em conjunto com o prof. Jorge Coelho Soares; Tempo e Subjetividades: perspectivas plurais (Organizadora, Ed. 7Letras/Faperj, 2013), com o texto “Três vidas, três tempos: subjetividade, tempo e literatura em W. Faulkner, V. Woolf e A. Camus”; Subjetividade e Literatura: harmonias e contrastes na interpretação da vida (Organizadora, Ed. Nau/Faperj, 2011), com texto “‘Estranhamentos emocionais’, Modernidade e Literatura: ‘Campo de Agramante’ ”; o capítulo de livro “Cabeceios, Cochilos e Esquecimentos: possível articulação entre subjetividade, arte e psicologia social fenomenológica”, (In: A Sabedoria que a Gente Não Sabe, Walter Melo e Ademir Pacelli Ferreira (Orgs.), Espaço Artaud/UFJF, 2011, entre outros artigos. Este artigo é resultado do Pós-doutorado realizado em 2015. Bolsista CNPq.

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Publicado

2017-12-04

Como Citar

Ewald, A. (2017). Indícios para a noção “Estranhamentos Emocionais Circunstanciais” em Mario de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa. Mnemosine, 13(2). Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/mnemosine/article/view/41737

Edição

Seção

Artigos