A constituição do si na multiplicidade afeto-cognitiva

Autores

  • Jerusa Machado Rocha

Palavras-chave:

afeto, valência afetiva, cognição, subjetividade

Resumo

Contrariando o modo como se costumava pensar na psicologia clássica, veremos que o afeto não é apenas um colorido que se acrescenta ao agente cognitivo, mas o próprio formador do sujeito, enquanto afecção de si por si. Em suas pesquisas sobre a consciência, Francisco Varela se depara com um domínio pré-pessoal, coexistente aos fluxos de consciência enquanto tal. Esse domínio, que é o das tonalidades afetivas, se cola à própria subjetividade. O afeto como nível pré-reflexivo faz parte de uma dinâmica, denominada por Varela e Natalie Depraz ‘dinâmica da dobra’. Essa dinâmica opera uma transição do nível pré-reflexivo ao reflexivo, do pré-atento ao atento, do pré-egológico ao egológico. Essa dobra possui um duplo eixo, um que se baseia na emergência da reflexão nela mesma e que conduz ao conteúdo cognitivo; outro que se baseia na auto-afecção e que conduz a predisposições básicas e a uma gama específica de emoções. A auto-afecção será atravessada pela alteridade, sendo, a valência afetiva, a manifestação mais imediata dessa alteridade, e que dará nascimento a disposições básicas. Desse modo, é o afeto que funda a cada momento a emergência da consciência. Há nesse ponto de vista uma avaliação primordial constitutiva da experiência e não uma neutralidade primária.

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Publicado

2006-07-30

Como Citar

Rocha, J. M. (2006). A constituição do si na multiplicidade afeto-cognitiva. Mnemosine, 2(1). Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/mnemosine/article/view/41400

Edição

Seção

Artigos