Ciência e política na primeira república: origens da psicologia escolar

Autores

  • Maria Helena Souza Patto

Palavras-chave:

Higienismo, Escolanovismo, infância

Resumo

Tendo como pano de fundo a economia, a política e a demografia brasileiras entre 1889 e 1930, o texto traz uma análise das políticas de segurança pública, saúde e educação vigentes nesse período da história brasileira e das concepções de homem e de sociedade que lhes deram apoio. Num país predominantemente agrário, mas que se industrializava, o movimento higienista instalado em instituições médicas, escolares e jurídico-policiais tiveram como objetivo principal sanear uma raça que as teorias raciais européias condenavam como inferior e degenerada como condição para pôr o país
em conformidade com o lema positivista “ordem e progresso” que estava no cerne do movimento republicano. Embora o aparato de disciplinamento social mais ativo nesse período tenha sido a força bruta da polícia, a análise de obras do jurista Evaristo de Moraes, do pediatra Moncorvo Filho, de médicos psiquiatras da Liga Brasileira de Higiene Mental e de educadores que estiveram à frente das reformas de sistemas estaduais de ensino nos anos vinte mostra a presença pesada ou sutil de preconceito racial e social que alimentava algumas medidas higiênicas de natureza protofascista voltadas a dois segmentos da população: adultos pobres, que eram impedidos de direitos de cidadania em nome da
saúde coletiva; crianças das classes populares, alvo de medidas estatais preventivas e remediativas, entre as quais os
primeiros procedimentos de higiene física e mental escolar, que as colocavam na mira da ciência e da polícia.

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Publicado

2004-07-29

Como Citar

Patto, M. H. S. (2004). Ciência e política na primeira república: origens da psicologia escolar. Mnemosine. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/mnemosine/article/view/41357