O tédio incompreensível de Julien Sorel, ou sobre a atualidade do realismo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/matraga.2022.61437

Palavras-chave:

Realismo, Erich Auerbach, Romance de formação, Realismo formal.

Resumo

O presente ensaio busca entender e extrair algumas implicações de uma escolha algo enigmática feita por Auerbach no capítulo de Mimesis dedicado aos realistas franceses: para discutir o papel fundamental de Stendhal na consolidação do que chama de “estilo médio” ou representação “séria”, Auerbach seleciona uma cena de importância secundária em O vermelho e o negro, com o tédio nela professado por Julien Sorel sendo caracterizado pelo crítico como “quase completamente incompreensível sem o conhecimento mais exato e detalhado da situação política, da estratificação social e das condições econômicas de um momento histórico muito definido, a saber, a França pouco antes da revolução de Julho” (AUERBACH, 2002, p. 406). É justamente sobre essa suposta incompreensibilidade que este ensaio se debruça: primeiro, ao apresentar um sentido genérico para a cena que independe do conhecimento tido como pré-requisito por Auerbach, calcado principalmente no estudo de Franco Moretti sobre o romance de formação; na sequência, amparado por um ensaio recente de Jacques Rancière sobre Auerbach, que também se detém sobre as razões para essa curio­sa escolha de Auerbach; por fim, com base na concepção do realismo desenvolvida por Fredric Jameson em The Antinomies of Realism, o ensaio busca sugerir uma ideia do realismo que se pretende relevante para o presente, e que passa ao largo da retórica do “realismo formal” de Ian Watt.

Biografia do Autor

Tauan Fernandes Tinti, Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba / Bolsista PNPD/Capes

Doutor em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente, é pesquisador de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba com bolsa PNPD-Capes. Tem publicado artigos em periódicos, como “Da gravata azul à mamadeira obscena: notas sobre a crítica literária hoje”, e capítulos de livros, como “Em torno do pacto com o diabo (de Franco Moretti)”.

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Publicado

2022-03-17

Como Citar

Tinti, T. F. (2022). O tédio incompreensível de Julien Sorel, ou sobre a atualidade do realismo. Matraga - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 29(55), 119–129. https://doi.org/10.12957/matraga.2022.61437

Edição

Seção

Estudos Literários