Fazer morrer e não deixar viver: discursividades sobre a morte no discurso do presidente do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/matraga.2021.56489

Palavras-chave:

Discursividades, Morte, Paráfrase, Pandemia.

Resumo

Neste trabalho, temos como objetivo refletir sobre as discursividades que atravessam o enunciado “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, proferido pelo presidente da Re­pública do Brasil, Jair Messias Bolsonaro e seus efeitos de sentido, na perspectiva dos fundamentos teórico­-metodológicos da Análise de Discurso de linha francesa materialista. Para tanto utilizamos os pressupostos teóricos de Pêcheux e Orlandi. A escolha dessa temática ocorreu mediante a repercussão das declarações do presidente brasileiro acerca do avanço da pandemia, após o país ter sofrido um grande aumento no número de infectados e ter batido recorde em número de mortes, ultrapassando a China. Nesse sentido, mobilizamos o movimento parafrástico como dispositivo analítico, visando compreender o funcionamento discursivo do referido enunciado. A perspectiva pecheuxtiana tem como pressuposto relacionar a linguagem à sua exte­rioridade, representada, metodologicamente, pela situação e pelo sujeito, que são designadas de condições de produção. Dessa maneira, compreendemos como o enunciado selecionado, produz sentidos, por meio dos processos de significação instaurados no texto, descrevendo seu funcionamento, visto que para a AD a língua é materialidade do discurso, portanto não se pode deixar de considerar sua relação com a historicida­de. A materialidade significante, aqui descrita e analisada, permite entrever que para o sujeito enunciador, a pandemia surge como um aparato de serviço da morte aos indesejados. O que nos possibilita dizer, parafra­seando Foucault, é esta a política do “fazer morrer e não deixar viver”. 

Biografia do Autor

Ana Claudia Dias Ribeiro, Instituto Federal de Ciências e Tecnologia de Rondônia (IFRO). Universidade Federal do Tocantins (UFT)

É doutoranda em Ensino de Língua e Literatura, pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Mestrado em Letras pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Especialização em Me­todologia do Ensino Superior - UNIR. Especialização em Mídias na Educação. Graduação em Letras. Professora efetiva, atuante no ensino presencial e à distância, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia - IFRO. Membro do Grupo de Estudos Tocanti­nense em Análise de Discurso (GETAD).

Adelto Rodrigues Barbosa, Universidade Federal do Triangulo Mineiro

É Mestre em História e Estudos Culturais (2017) pela Universidade Federal de Rondônia - UNIR. Possui licenciatura e bacharelado em História. Atualmente é co-orientador no Projeto História e Literatura: Caminhos Complementares para Produções de Textos no Ensino Médio. Projeto em andamento, ligado ao CNPq, Bolsa de Iniciação Cientifica do Ensino Médio, desenvolvido pela Universidade Federal do Triangulo Mineiro (UFMT).

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Publicado

2021-06-27

Como Citar

Ribeiro, A. C. D., & Barbosa, A. R. (2021). Fazer morrer e não deixar viver: discursividades sobre a morte no discurso do presidente do Brasil. Matraga - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 28(53), 314–328. https://doi.org/10.12957/matraga.2021.56489