“Uma mulher que nunca vergava; que não tinha amo nem Deus” – recortes da mítica rainha Nzinga na literatura de Agualusa, Mussa e Eugénia Neto

Autores

  • Marcele Aires Franceschini Universidade Estadual de Maringá (UEM)

DOI:

https://doi.org/10.12957/matraga.2018.37037

Palavras-chave:

Rainha Ginga, Agualusa, Mussa, Eugénia Neto.

Resumo

A mítica Nzinga Mbandi, a Rainha Ginga, foi líder de vastíssi­mo território no século XVIII. Grande parte dos escravizados que vieram ao Brasil são oriundos da região bantu – dominada por ela então. Sua história é tão gloriosa quanto a da própria África. Não por acaso inúmeros são os historiadores que se interessam por sua figura, assim como centenas são os escritores que já se aventuraram a romancear ou a cantar seus feitos. Para essa análise, escolheram­-se três autores: o angolano José Eduardo Agualusa e seu romance histórico A Rainha Ginga: e de como os africanos inventaram o mundo (2014); o carioca Alberto Mussa e seu romance policial O trono da Rainha Jinga, (1999); e a portuguesa radicada em Angola Eugénia Neto e seu poema “Poema à Mãe Angolana”, lançado em 1976, no contexto da luta pela Independência de Angola. Prezaram­-se, nesse estudo, dois movimentos: primeiramente, descreveu-se historicamente a figura da Rainha para então a retratar segundo re­cortes dos autores supracitados. Ambos Agualusa e Mussa tendem a demonstrar o poder da Rainha representado por sua força “de ma­cho”, já que a líder assume a governança marcada pela linhagem patriarcal. Já Eugénia Neto humaniza a figura de Nzinga como a grande “Mãe Angolana”, salientando suas características femininas. Independente do julgamento, importa perceber como autores de dis­tintas nacionalidades e gêneros constroem a imagem da soberana africana, mesclando história e ficção num balé fértil de dimensões épicas e poéticas.

Biografia do Autor

Marcele Aires Franceschini, Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Marcele Aires Franceschini é Professora de Literatura do Depar­tamento de Teorias Linguísticas e Literárias da Universidade Estadual de Maringá. Atua também como tradutora (inglês/português - português/in­glês). É editora do zine O Gauche. Escritora, é autora de: «Ausências em monólogos» (Londrina: Promic/Midiograf, 2011), premiado como melhor romance de 2011 (Prêmio Guavira, Governo do Mato Grosso do Sul).

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Publicado

2018-12-29

Como Citar

Aires Franceschini, M. (2018). “Uma mulher que nunca vergava; que não tinha amo nem Deus” – recortes da mítica rainha Nzinga na literatura de Agualusa, Mussa e Eugénia Neto. Matraga - Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Letras Da UERJ, 25(45), 546–565. https://doi.org/10.12957/matraga.2018.37037