Do discurso citado à circulação dos discursos: a reformulação bakhtiniana de uma noção gramatical
Resumo
Neste artigo, fazemos uma síntese, sem pretensão de exaustividade, dos estudos sobre o discurso citado, evidenciando como a teoria bakhtiniana abriu o caminho para a reformulação de uma noção gramatical e para um campo de pesquisa, apenas vislumbrado no fim dos anos setenta pela lingüística francesa da enunciação. Neste momento, alguns trabalhos sobre o ensino de línguas definem o discurso direto, uma suposta retomada da forma literal do discurso original, como uma retomada de outra enunciação. Nos últimos trinta anos, a literatura consagrada ao tema analisou as relações formais, morfossintáticas, semânticas e pragmáticas entre dois discursos. Ora, partindo do princípio dialógico da linguagem, todo discurso citante pode tornar-se discurso citado, num fenômeno telescópico de encaixes sucessivos. Decorrem daí os casos de condensação, dispersão, reacentuação do semantismo e do posicionamento dos enunciadores. A análise de um corpus, constituído de uma denúncia publicada em revista de circulação nacional e de artigos de jornais que retomam a denúncia, ilustra os avanços teóricos da proposta bakhtiniana. Mostra os discursos como circulantes e o discurso citado como fenômeno relacional e aponta para novas possibilidades de se trabalhar no ensino com fenômenos de circulação dos discursos, passando pelos esquemas de transmissão, discurso direto, indireto e indireto livre.
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ISSN 1809-3507 | DOI: 10.12957/matraga
Palimpsesto é uma publicação do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ:
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