CHAMADA PARA PUBLICAÇÃO

2023-08-08

A revista Matraga, da Pós-Graduação em Letras da UERJ, está recebendo artigos e resenhas para os próximos números, aceitando textos em português, inglês, espanhol e francês. Os artigos são submetidos ao sistema de pareceristas duplo-cego e devem seguir rigorosamente as normas de formatação da revista.

Confira a seguir chamadas completas. As submissões são online.

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MATRAGA 65

Será dedicado aos Estudos Linguísticos, com o tema Humanidades Digitais e Ciência de Dados a partir do Sul: Perspectivas Interdisciplinares sobre Inclusão, Poder e Tecnologia.

EMENTA

Este dossiê explora uma diversidade de abordagens teóricas e metodológicas nas Humanidades Digitais, integrando métodos computacionais e grandes volumes de dados para a análise sociocultural. O dossiê promove um diálogo interdisciplinar que abrange diferentes áreas do conhecimento, desde os estudos da linguagem até os estudos de ciência e tecnologia. Caracterizado por sua interdisciplinaridade, transnacionalidade e multilinguismo, o dossiê se propõe intervir no campo das Humanidades Digitais a partir do e para o Sul Global, abordando correntes como o Feminismo de Dados e os estudos digitais interseccionais e antirracistas. Esses estudos desafiam a suposta neutralidade e universalidade do sujeito nas Humanidades Digitais e na Ciência de Dados, destacando como se perpetuam epistemologias e tecnologias dominantes. Além disso, promove pesquisas que, através de metodologias conscientes das desigualdades de poder, refletem sobre formas de inclusão e exclusão ligadas com raça, gênero, idioma, colonialismo e geolocalização, visando a um redesenho das práticas e estruturas que sustentam as plataformas digitais e os algoritmos.

Este dossiê espera trabalhos que explorem o impacto das inteligências artificiais em diversas esferas sociais, especialmente a partir do e para o Sul Global, focando tanto no desenvolvimento quanto na avaliação crítica de tecnologias existentes. Busca-se especialmente fomentar uma visão ética e crítica sobre a inteligência artificial.

Para incentivar um debate crítico e culturalmente enriquecido, a chamada para submissões abrange uma variedade de disciplinas que exploram a interseção entre tecnologia, sociedade e cultura a partir de perspectivas críticas e transformadoras. Entre os temas destacados incluem-se a análise do discurso digital e a análise tecnodiscursiva, que propõe uma concepção compósita do discurso, quebrando a fronteira entre a dimensão discursiva e a técnica, o linguístico e o extralinguístico. Também serão aceitas propostas de trabalhos que estudem o impacto ético da inteligência artificial no desenvolvimento sustentável, bem como o viés e a equidade nos algoritmos de IA questionando quem se beneficia ou se prejudica com as decisões automatizadas.

Um tema importante para este dossiê é a descolonização da inteligência artificial, propondo metodologias que questionem as narrativas e práticas tecnológicas dominantes. Também serão considerados trabalhos que avaliem criticamente os projetos de IA para determinar suas forças e limitações. Ademais, são convidadas contribuições sobre arquivos digitais feministas decoloniais que reconsiderem a preservação da história e da cultura a partir de perspectivas feministas e anticolonialistas.

O dossiê abrange trabalhos que explorem a interseccionalidade e os meios digitais, analisando como as múltiplas matrizes de opressão afetam as experiências online e como as plataformas digitais podem fomentar autonomia e expressão. Além disso, busca-se integrar estudos digitais e de gênero com abordagens críticas no ensino e aprendizagem virtual, junto com propostas sobre pedagogias feministas digitais. Encoraja-se a submissão de trabalhos que investiguem a influência das normas de gênero na informática através do estudo das linguagens de programação e gênero, bem como da violência de gênero em espaços digitais, para abordar os desafios da segurança online. Finalmente, serão incluídos trabalhos sobre história e arte digital a partir de perspectivas feministas, decoloniais e antirracistas, destacando como a cultura digital pode ser um espaço de resistência e reimaginação crítica.

EDITORAS:
Alejandra Josiowicz (UERJ-FAPERJ) e Genoveva Vargas Solar (CNRS, LIRIS, França)

CRONOGRAMA:
Submissão de artigos e resenhas: até 31/10/2024
Publicação: maio de 2025

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MATRAGA 64

Será dedicado aos Estudos Linguísticos e aos Estudos Literários, com tema livre.

EMENTA
Acolhem-se artigos inéditos e resenhas nos campos dos estudos literários e linguísticos.

EDITORES:
Tania Maria Nunes de Lima Camara (UERJ) e Marcelo Brandão Mattos (UERJ)

CRONOGRAMA:
Submissão de artigos e resenhas: até 30/06/2024 [submissões encerradas]
Publicação: janeiro de 2025

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MATRAGA 63

Será dedicado aos Estudos Literários, com o tema Múltiplas guerras possíveis.

EMENTA

No texto que apresenta os relatos do seu A guerra não tem rosto de mulher, Svetlana Aleksiévitch descreve um pouco da sua infância em uma aldeia, com uma família determinada pela guerra, entre outras crianças cujas famílias também haviam sido implacavelmente marcadas pela guerra: “Não sabíamos como era o mundo sem guerra, o mundo da guerra era o único que conhecíamos, e as pessoas da guerra eram as únicas que conhecíamos. Até agora não conheço outro mundo, outras pessoas. Por acaso existiram em algum momento?”

Aleksiévitch se refere à guerra contra os alemães em meados do século XX, a uma guerra que se materializava no campo de batalha, com mortes e devastação. Imagem já clássica da guerra, difundida especialmente pelo cinema, o campo, as trincheiras e os bombardeios fazem parte do conhecimento popular do que seria a guerra. Mas a pergunta final de Aleksiévitch, sua dúvida sobre a existência em qualquer momento de um mundo sem guerra nos remete a uma concepção contemporânea da guerra, na qual a guerra envolve todos, soldados e civis, guerra total.

A guerra é perene, vive em estado latente ou manifesto no mundo moderno. É a guerra que organiza a política e a ordem modernas. É a premissa hobbesiana de um estado natural de “guerra de todos contra todos” que legitima a criação do Estado enquanto mecanismo único de detenção da violência; ou seja, é a ameaça da guerra que demanda a ordem, mas, contrariando Hobbes, a ordem política só parece concretizar-se com a guerra. Antes ainda, é a guerra, tornada “justa”, que impulsiona a empresa colonial. Neste sentido, a guerra colonial se transforma em paradigma e ensina as metrópoles a fazer guerras contra suas populações: guerras de classe, de raça e de sexo (Alliez; Lazzarato, 2021).

Das múltiplas acepções da guerra a partir de então nos interessam todas. Dos seus efeitos e dos “feitos estéticos”, todos nos parecem pertinentes. Dos poemas e romances gerados por sobreviventes da Primeira Guerra Mundial às narrativas de testemunhas da Segunda. Dos textos que emergiram a partir da colonização das Américas às estórias que tentam suplementar a história da escravidão. Dos relatos das fronteiras – das frentes e do avanço e daqueles que estavam e que restaram – aos pormenores das guerrilhas, das resistências e dos boicotes.

Das reconstruções do passado às possibilidades do futuro, nos interessa, ainda, pensar o luto e a vulnerabilidade, tais como conceituados por Judith Butler (2019); a guerra entre Humanos (Humans) e Terrestres (Earthbound) que Bruno Latour (2020) imaginou no Antropoceno; a diplomacia entre humanos e entre humanos e outros seres, sugeridos nas narrativas de uma Ursula Le Guin, por exemplo, e no xamanismo ameríndio; a crítica da guerra enquanto instrumento contra a vida.

Convidamos para compor este número da Matraga os/as autores/as interessados/as em interpelar o tema da guerra em suas múltiplas acepções a partir dos seus “efeitos estéticos”.

EDITORAS:
Carolina Correia dos Santos (UERJ) e Agnese Codebó (Villanova University)

CRONOGRAMA:
Submissão de artigos e resenhas: até 31/03/2024 [submissões encerradas]
Publicação: setembro de 2024

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Os artigos não devem exceder 25 páginas.
As resenhas não devem exceder 8 páginas.
Consulte as normas para a publicação nas orientações aos autores, que contém um tutorial passo a passo para submissão online.