A administração dos bens confiscados dos Jesuítas na capitania de São Paulo, 1760-1782

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/revmar.2021.50955

Palavras-chave:

Companhia de Jesus, Confisco dos Jesuítas, Marquês de Pombal, Administração Colonial, São Paulo Colonial

Resumo

A Companhia de Jesus destacou-se durante o período colonial com uma atuação não apenas no campo espiritual, mas também nas esferas político-econômicas. Acumulou poder local e um patrimônio significativo resultado da habilidade administrativa, de doações de particulares e da Coroa. Não há um inventário suficiente desse conjunto patrimonial, mas seguramente era um dos maiores para a época. Com as reformas pombalinas, os jesuítas acabaram por serem expulsos e seus bens confiscados pela Coroa portuguesa. Faziam parte do patrimônio jesuítico imóveis, escravizados e gado, entre outros, além da administração de aldeamentos, e distribuíam-se por toda a colônia. Com o confisco, o direcionamento desses bens foi variado; alguns foram utilizados pela administração colonial; outros resultaram em receita, por venda e arrendamento, à exceção dos que continuaram com a Igreja por meio de outras ordens religiosas. Esse direcionamento variado e o encaminhamento administrativo com relação a esses bens resultaram numa confusão administrativa e numa tentativa de reforma ilustrada empreendida pelo pombalismo. Portanto, esta pesquisa corresponde ao período entre o confisco dos bens e o último administrador do período pombalino. A análise de diversos documentos dos administradores após o confisco permitiu algumas conclusões, em síntese, das dificuldades de administração, como a má administração por meio de desvios, corrupção e disputas locais. Como fonte foram utilizados os documentos oficiais da Biblioteca Digital Luso-brasileira e da publicação Documentos Interessantes para a História e Costume de São Paulo, disponível na Biblioteca Digital UNESP. Essas fontes compreendem relatórios oficiais, correspondências e procedimentos administrativos e permitiram apontar os debates e decisões em torno desse patrimônio.

Biografia do Autor

Ilana Peliciari Rocha, Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Professora Adjunta da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Instituto de Educação, Letras, Artes e Ciências Humanas e Sociais, Departamento de História. Doutora e Mestre em História Econômica pela Universidade de São Paulo; graduada em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

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Publicado

2021-01-29

Como Citar

Rocha, I. P. (2021). A administração dos bens confiscados dos Jesuítas na capitania de São Paulo, 1760-1782. Revista Maracanan, (26), 441–462. https://doi.org/10.12957/revmar.2021.50955