GLOBALIZAÇÃO DIGITAL

Autores

  • Regina Ungerer

DOI:

https://doi.org/10.12957/jbrastele.2013.6415

Resumo

Em 2005, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou uma resolução inovadora sobre eHealth recomendando aos 192 Estados Membros (hoje são 194) que investissem em ações para fortalecer seus sistemas de saúde utilizando as tecnologias de informação e comunicação (TIC).Naquele momento, discutia-se a inclusão digital e a resolução (58-28) alertava para as vantagens das TICs como uma forma de diminuir as lacunas entre os países desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento.Oito anos depois desta resolução, é nítido o aumento do uso de computadores, telefones celulares e do acesso à internet nos países em desenvolvimento. Há uma percepção de que a exclusão digital é coisa do passado e de que a eHealth é uma realidade em todas as partes do mundo.No entanto, ao longo dos últimos dez anos, há também estudos que mostram que a lacuna entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento está cada vez maior. O desenvolvimento tecnológico cresce a passos mais largos do que o desenvolvimento social ou econômico e os países menos desenvolvidos não conseguem alcançar o crescimento dos países desenvolvidos.Apesar disso, o acesso à internet na África cresceu mais de 3.000% entre os anos 2000 e 2012. O uso de telefones celulares aumentou e continua aumentando mais do que em qualquer outra parte do mundo e o apoio técnico e ajuda financeira para os países continua crescendo.De acordo com a União Internacional de Telecomunicações (UIT), há mais de cinco bilhões de telefones móveis no mundo e 85% da população mundial encontra-se em áreas cobertas por sinais de rede sem fio (wireless). O crescimento das redes de telefonia móvel é tão grande que, em muitos países em desenvolvimento, já ultrapassa até mesmo as redes de infraestrutura básica como as de rodovias e eletricidade.O aumento sem precedentes das TIC e o avanço no número de aplicativos voltados para área da saúde permite o crescimento da eHealth em seus mais diversos componentes e serviços capazes de sustentar o atendimento de forma integrada tais como o prontuário digital de pacientes, aplicativos de gestão hospitalar, registros nacionais de saúde, controle nacional de medicamentos, apoio para a tomada de decisão, mHealth, telemedicina, ensino à distância e tantos outros.Governos já aceitam a mHealthcomo uma estratégia complementar para o fortalecimento dos sistemas de saúde e possibilidade de atingir as metas de desenvolvimento do milênio. O ensino a distância tem sido cada vez mais utilizado para treinar profissionais e aumentar sua capacidade resolutiva, e a telemedicina com a segunda opinião formativa já é considerada como norma, em alguns países do mundo.Embora as oportunidades ainda não sejam iguais para todos e as diferenças entre as regiões do mundo sejam marcantes, o que deve ser feito agora é investimento em sustentabilidade para que, num futuro próximo, possa-se dizer que o mundo está verdadeiramente globalizado.

Biografia do Autor

Regina Ungerer

Médica. Coordenadora da Rede ePORTUGUÊSe - World Health Organization (WHO) - Knowledge Management and Sharing Department (KMS)

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Publicado

2013-03-01

Edição

Seção

Editorial