Os ingressantes das profissões jurídicas: um estudo de trajetórias

Autores

  • Ricardo Visser Universidade Federal de São João del Rei
  • Gustavo Siqueira Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Estácio de Sá

DOI:

https://doi.org/10.12957/irei.2022.73132

Palavras-chave:

ingressantes, desigualdade social, profissionais do Direito

Resumo

O presente artigo tem como principal propósito apresentar os resultados de uma pesquisa com oito entrevistados, realizada com profissionais do Direito, cuja característica principal é a ausência de antecedentes familiares em profissões com curso superior. Primeiramente buscou-se uma definição conceitual e metodológica da pesquisa qualitativa, bem como seu enquadramento amostral, e em seguida adentrou-se na caracterização dos perfis encontrados a partir de suas trajetórias. A pesquisa delineou três variáveis de interesse dentro do questionário semiestruturado utilizado: a dimensão familiar, a educacional e a profissional. Na seara familiar, investigou-se como o acesso ao curso e às profissões com nível superior comumente envolve certo distanciamento em relação à trajetória dos pais. Também pesquisamos as principais dificuldades educacionais narradas pelos entrevistados. Em seguida, perquirimos suas trajetórias no ensino superior, procurando entender de maneira articulada os obstáculos materiais e culturais narrados. Assim, tentamos desenhar os limites e possibilidades dos ingressantes dentro das profissões jurídicas. Conclui-se que o conjunto de dificuldades narradas não pode ser compreendido de maneira fragmentada, uma vez que produzem efeitos agregados para o público. Por fim, procuramos compreender as maneiras de inserção profissional. Encontramos duas maneiras gerais: o autônomo, que congrega tanto os que abrem seus próprios escritórios quanto os assistentes jurídicos paralegais, e os empregados de carteira assinada em órgãos privados e públicos. Verificou-se que não há uma única forma de inserção profissional, uma vez que os ingressantes não se encontram necessariamente em condição de precariedade laboral. Não que ela não exista, mas não se configura uma condição geral de todos os entrevistados e parece estar mais próxima dos assistentes jurídicos paralegais, que ainda buscam passar no exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Embora os perfis não esgotem esse estrato social, o intento foi desenhar suas principais dificuldades e conquistas, demonstrado o acesso estratificado às carreiras jurídicas no Brasil.

Biografia do Autor

Ricardo Visser, Universidade Federal de São João del Rei

Doutor pela Universidade Federal de Juiz de Fora e pós-doutor pelo programa de pós-graduação em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, é professor adjunto da Universidade Federal de São João del Rei.

Gustavo Siqueira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Estácio de Sá

Doutor em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor associado da Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade Estácio de Sá.

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Publicado

2023-02-10

Como Citar

Visser, R., & Siqueira, G. (2023). Os ingressantes das profissões jurídicas: um estudo de trajetórias. Interseções: Revista De Estudos Interdisciplinares, 24(3). https://doi.org/10.12957/irei.2022.73132