Os ingressantes das profissões jurídicas: um estudo de trajetórias
DOI:
https://doi.org/10.12957/irei.2022.73132Palavras-chave:
ingressantes, desigualdade social, profissionais do DireitoResumo
O presente artigo tem como principal propósito apresentar os resultados de uma pesquisa com oito entrevistados, realizada com profissionais do Direito, cuja característica principal é a ausência de antecedentes familiares em profissões com curso superior. Primeiramente buscou-se uma definição conceitual e metodológica da pesquisa qualitativa, bem como seu enquadramento amostral, e em seguida adentrou-se na caracterização dos perfis encontrados a partir de suas trajetórias. A pesquisa delineou três variáveis de interesse dentro do questionário semiestruturado utilizado: a dimensão familiar, a educacional e a profissional. Na seara familiar, investigou-se como o acesso ao curso e às profissões com nível superior comumente envolve certo distanciamento em relação à trajetória dos pais. Também pesquisamos as principais dificuldades educacionais narradas pelos entrevistados. Em seguida, perquirimos suas trajetórias no ensino superior, procurando entender de maneira articulada os obstáculos materiais e culturais narrados. Assim, tentamos desenhar os limites e possibilidades dos ingressantes dentro das profissões jurídicas. Conclui-se que o conjunto de dificuldades narradas não pode ser compreendido de maneira fragmentada, uma vez que produzem efeitos agregados para o público. Por fim, procuramos compreender as maneiras de inserção profissional. Encontramos duas maneiras gerais: o autônomo, que congrega tanto os que abrem seus próprios escritórios quanto os assistentes jurídicos paralegais, e os empregados de carteira assinada em órgãos privados e públicos. Verificou-se que não há uma única forma de inserção profissional, uma vez que os ingressantes não se encontram necessariamente em condição de precariedade laboral. Não que ela não exista, mas não se configura uma condição geral de todos os entrevistados e parece estar mais próxima dos assistentes jurídicos paralegais, que ainda buscam passar no exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Embora os perfis não esgotem esse estrato social, o intento foi desenhar suas principais dificuldades e conquistas, demonstrado o acesso estratificado às carreiras jurídicas no Brasil.
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