Uma cosmopolítica afroindígena da performance no culto aos Caboclos
DOI:
https://doi.org/10.12957/irei.2021.64920Palavras-chave:
Culto aos caboclos. Performance afroindígena. Cosmopolítica.Resumo
Caboclos, entidades espirituais com características indígenas e regionais, inserem-se no Candomblé em uma perspectiva liminar. Suas presenças evocam formas de comportamento sociorrituais nas fronteiras de tradições reterritorializadas. Por um lado, o termo foi utilizado para denominar um resultado da mistura entre indígenas e brancos, operando uma diluição da identidade e apagamento étnico através da mestiçagem. Por outro, as expressões de espiritualidades indígenas nas religiões afro-brasileiras foram pensadas sob a formulação teórica do sincretismo. No entanto, articulando uma contramestiçagem, as ações das entidades operam um engajamento na transformação do significado da categoria Caboclo, antes utilizada para denominá-las em campos teóricos da mistura. Ao abordá-los na perspectiva dos estudos da performance, com ênfase no “aqui e agora”, enfatizamos as possiblidades de uma composição que estabelece relações entre suas ações e poderes a um conjunto de articulações de um imaginário social. A performance possibilita um devir da experiência, um material em movimento. No culto aos caboclos, agenciam-se poderes a partir da função integradora do ritual, estabelecendo um acesso a domínios e ancestralidades indígenas. Mais do que representações, nos terreiros são mobilizados modos de relação com uma possibilidade de cultura indígena viva na ação das entidades. Suas manifestações são o encontro entre mundos – um encontro “afroindígena” – experiências narradas e atualizadas nas práticas rituais. Contrabalanceando formulações teóricas dos campos de estudos da performance e estudos das religiões afro-brasileiras, buscamos analisar o repertório utilizado na restauração de comportamentos dos caboclos, considerando sua manifestação como um ato cosmopolítico. A manifestação das entidades, afirmando uma identidade indígena, apresenta homologias com processos de etnogênese de povos indígenas do Nordeste. Partindo da premissa de que na performance o “como se” não se diferencia do “é”, utilizamos a categoria “performados” para designar e propor uma possível leitura da apresentação dos Caboclos nos candomblés.Downloads
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