Entregando-se aos dados: programática de uma etnografia vivaz
DOI:
https://doi.org/10.12957/irei.2020.51164Palavras-chave:
Trabalho de campo. Etnografia. Religiões de matriz africana.Resumo
Levando em conta os diagnósticos do movimento pós-moderno na antropologia, este artigo se dedica a pensar estratégias para a realização de trabalho de campo e a subsequente redação de etnografias na contemporaneidade. Para tanto, procura enfrentar as críticas a respeito da autoria e da autoridade etnográficas ao mesmo tempo de modo a encará-las em sua justeza e a não ser paralisado por elas. Busca-se assim reconceber o que se imaginariam ser os contornos de uma hierarquização de outro modo incontornável, por meio da consideração de um tipo de todo que não unifica as partes em questão, a saber, as partes envolvidas numa pesquisa antropológica, em geral pessoas. Em vez de apostar em processos sintéticos de totalização, trata-se aqui de levar em consideração certos todos singulares que podem ser dispostos também como partes interessadas do processo de pesquisa, dispondo-se ao lado e não acima das demais. O trabalho etnográfico surge assim não como algo eminentemente unilateral, mas como envolvendo uma série de prestações específicas. Os dados da pesquisa figuram justamente algo que é dado a alguém, por alguém: pragmaticamente, em circunstâncias que não se pode abstrair a priori. As práticas discursivas e não discursivas de que a pesquisa é feita são assim suscitadas em conversação e troca, podendo ser evocadas, de maneiras distintas, no trabalho de campo e na redação etnográfica. São mobilizados exemplos concretos para o desenvolvimento do argumento, extraídos tanto da literatura acadêmica quanto de pesquisa própria realizada no campo das religiões de matriz africana no Brasil.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Interseções - Revista de Estudos Interdisciplinares está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).