Dossiê: O problema da formação do “cinturão pentecostal” em uma metrópole da América do Sul
Resumo
Boa parte das metrópoles latino-americanas entrou no século XXI com uma configuração urbana peculiar, o chamado “cinturão pentecostal”: em torno de um núcleo urbano antigo, com infraestrutura consolidada e uma maioria de residentes católicos, formou-se um cinturão periférico, de colonização recente, infraestrutura precária e alta presença de pentecostais. O que teria estabelecido o vínculo entre a transformação da paisagem urbana e a conversão pentecostal? A partir da etnografia realizada na região metropolitana do Rio de Janeiro, argumento que a nova metrópole, ao distanciar territorialmente ricos e pobres, fez ruir o modelo tradicional de relação entre os não iguais. No modelo relacional hierárquico tradicional, os pobres resolvem boa parte dos seus problemas pedindo “favor” às pessoas “conhecidas” e com uma “situação melhorada”, num sistema de prestação e contraprestação de favores que azeita as relações interclasse em uma sociedade desigual e com integração contraditória. Com o distanciamento territorial entre ricos e pobres, as oportunidades de doação e ganho de “favor” se tornaram raras e o catolicismo, que está na base do sistema, entrou em colapso. O pentecostalismo passou a se apresentar como uma alternativa cultural plausível para as populações pobres nas periferias urbanas quando as alternativas culturais conhecidas, boa parte delas oferecidas pelo catolicismo, tornaram-se sinônimo de fracasso.Downloads
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