MULHERES SEM-TETO E A GEOGRAFIA DA FAMÍLIA: RELAÇÕES INTERDOMÉSTICAS, GÊNERO E RECIPROCIDADE

Autores

  • Marianna Fernandes Moreira Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.12957/espacoecultura.2015.29071

Palavras-chave:

geografia da família, lar, sem-teto, relacionalidade, cuidado

Resumo

Desde meados do século passado, uma série de autores (especialmente da antropologia, da sociologia e da história) começou a destacar o perigo da naturalização da família nuclear, e de sua utilização como parâmetro de relações “adequadas” ou “regulares”. A geografia, apesar de não ter tomado a família como objeto de estudo, naturalizando a família nuclear, tem contribuído para a discussão sobre a casa e o lar (a “sua casa”), questionando sua compreensão como esfera privada, separada da esfera pública do trabalho, da cidadania e da política. Todos esses trabalhos problematizam a visão idealizada do lar, buscando desconstruir suas características universais. Sem embargo, o “lar ideal” se encontra intimamente ligado à compreensão igualmente restrita da família: a da família nuclear. Ao compreender que a espacialidade da família não se esgota em sua unidade residencial, mas a extrapola, podemos apreender uma geografia que integra composições cambiantes de configurações familiares, práticas espaciais de alocação de pessoas e coisas, e papéis sexuais com espacialidades distintas, marcados pelo lugar que ocupam no grupo doméstico e por relações de presença e ausência, de permanência e impermanência. No escopo deste trabalho, busco investigar a dinâmica familiar a partir das transformações dos grupos domésticos, em contextos marcados pela instabilidade da moradia, como no caso dos sem-teto. O artigo parte de alguns casos exemplares de trajetórias de vida de mulheres sem-teto para compreender como o compartilhamento, a gestão e o cuidado, que envolve pessoas, coisas e lugares, produzem afetividades, proximidades e distâncias, que compõem o processo contínuo de formação da família e do lar.

Biografia do Autor

Marianna Fernandes Moreira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutora em Geografia - Programa de Pósgraduação em Geografia – PPGG/UFRJ.

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Publicado

2015-12-06

Como Citar

Moreira, M. F. (2015). MULHERES SEM-TETO E A GEOGRAFIA DA FAMÍLIA: RELAÇÕES INTERDOMÉSTICAS, GÊNERO E RECIPROCIDADE. Espaço E Cultura, (38), 85–122. https://doi.org/10.12957/espacoecultura.2015.29071

Edição

Seção

ARTIGOS