CASA E FAMÍLIA NA GEOGRAFIA: ESTRATÉGIAS ESPACIAIS DE MULHERES SEM-TETO NA CONSTRUÇÃO DO LAR
Marianna Fernandes Moreira
Resumo
O presente trabalho traz como foco uma habitação coletiva muito peculiar: uma ocupação de sem-teto denominada Ocupação Quilombo das Guerreiras. A abordagem proposta tem como objetivo tratar da geografia da casa e da família a partir das práticas e estratégias espaciais de mulheres sem-teto na construção do lar. Na primeira parte do artigo, discorro sobre a família como mecanismo de governo e sobre as particularidades do exercício do poder sobre as classes populares. O objetivo desta parte é problematizar a noção de família nuclear e apontar como a intervenção estatal na moradia do pobre urbano será uma forma de induzir comportamentos e valorizar determinados costumes para que se configure um núcleo familiar. Em seguida, buscarei abordar a tensão indivíduo-família-Coletivo que emerge por se tratar de um movimento que se sustenta em fidelidades tecidas por vínculos afetivos e relações sociais de caráter comunitário, e que termina por permear os espaços privados, o convívio familiar e o cuidado com as crianças. Por fim, volto a atenção à construção material da casa e às práticas espaciais que constroem, de diferentes formas, um “território íntimo” no qual a individualidade da mulher pode se expressar para além do espaço doméstico.
Palavras-chave
sem-teto, casa, família, lar, território íntimo, geografia feminista
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