GOVERNAMENTALIDADE E GEOGRAFIA: UMA REVISÃO CRÍTICA

Resumo

O presente artigo é uma revisão da literatura dos chamados “estudos de governamentalidade” (governmentality studies) e aponta algumas precauções que devemos tomar (nós geógrafos “não ocidentais”) para evitar uma transposição irrefletida para a pesquisa geográfica e a realidade latino-americana. Nosso texto, embora com objetivo modesto, visa servir como subsídio para aqueles que desejam uma primeira aproximação com o tema da governamentalidade no âmbito da Geografia. Iniciaremos com uma breve discussão acerca de alguns aspectos da obra de Foucault, referente à emergência da governamentalidade liberal, para, depois, relacionarmos esta abordagem à Geografia, indicando como diferentes autores vêm refletindo sobre as relações entre a governamentalidade e o espaço; caberá-nos também pensar, em linhas gerais, como tais estudos podem nos ajudar a refletir sobre as configurações específicas das tecnologias de governo encontradas em sociedades “não ocidentais”. Finalmente, argumentaremos que a abordagem genealógica e os estudos de governamentalidade não são incompatíveis com uma abordagem crítica, na medida em que fornecem um instrumental conceitual e analítico capaz de estabelecer criticamente as relações entre a prática cotidiana e o pensamento estratégico dos programas governamentais.