NOMADISMO, DESLOCAMENTOS E TRAJETÓRIAS ERRANTES: IDENTIDADES EM JOGO NA NARRATIVA DE CAROLINA MARIA DE JESUS

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Janaína da Silva Sá

Resumo

A cultura contemporânea recuperou a figura do passageiro, do caminheiro, do passeador, do errante, reinventando a ideia de localização e deslocamento. Para Paul Ricoeur (2007), entre as alternâncias de repouso e movimento está instituído o ato de habitar, o fato de um corpo estar compreendido entre um aqui e um acolá. Diante dessa compreensão, acredito que a construção do universo narrado da escritora mineira Carolina Maria de Jesus concretiza-se por essa procura incessante pelo ato de habitar, que se manifesta por meio dos constantes agenciamentos que a narradora irá empreender pelos caminhos por onde circula. No discurso de Carolina Maria de Jesus, existe uma inquietante busca por fazer parte de um lugar que não foi reservado a ela, sendo que, nessa busca por sobrevivência, em uma sociedade excludente, verifico outro ângulo de visada de onde se sobressai um novo tipo de escritura. Nessa trajetória, encontram-se indivíduos considerados à margem, estando reservado a eles apenas um sentimento assombroso de busca por agenciamento, prevalecendo, ou estando imposto a ele, o reinado do vazio. Ser errante, nômade, caminheiro, transeunte serão possíveis nomenclaturas para designar esse percurso insólito de quem ousa narrar as adversidades de um mundo contemporâneo hostil, não acostumado a lidar com outras identidades.

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Como Citar
Sá, J. da S. (2019). NOMADISMO, DESLOCAMENTOS E TRAJETÓRIAS ERRANTES: IDENTIDADES EM JOGO NA NARRATIVA DE CAROLINA MARIA DE JESUS. Caderno Seminal, 32(32). https://doi.org/10.12957/cadsem.2019.37786
Seção
Dossiê: Deslocamentos espaciais ou culturais e sua representação ficcional
Biografia do Autor

Janaína da Silva Sá, Instituto Federal Farroupilha - Campus JC

Doutora em Estudos Literários pela Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, onde recentemente desenvolveu um estudo acerca da autora mineira Carolina Maria de Jesus, discutindo questões que envolvem o mito da democracia racial, bem como o lugar de autoria negra no Brasil. Mestre em Literatura Portuguesa, pela mesma universidade, desenvolveu pesquisas sobre a escritura do autor Helder Macedo, com ênfase nos estudos sobre Historiografia e Verossimilhança. Atua como docente de Literatura Brasileira junto ao Instituto Federal Farroupilha, Campus Júlio de Castilhos, RS.