IMPRESSÕES DE ÁFRICA: O ESPAÇO MOÇAMBICANO EM A ÁRVORE DAS PALAVRAS, DE TEOLINDA GERSÃO

Resumo

RESUMO: O espaço literário tem importância fundamental para a compreensão dos fatos narrados. Sua relação com os outros elementos da narrativa tece marcas de vivências particulares e coletivas relevantes para a consolidação da memória. Le Goff (1996) afirma que a memória, por sua função psíquica, evoca informações e lembranças em lapsos temporais descontínuos. Para tanto, tais recordações dependem do lugar, motor que também se encarrega de contar e fazer histórias. A relação entre espaço e memória gera imagens singulares com significados simbólicos de sentimentos, sensações e valores que são construídos no texto literário. Sendo assim, este trabalho objetiva analisar a representação dos espaços de memória na obra A Árvore das palavras, de Teolinda Gersão, procurando entender a relação que a personagem central estabelece com a cidade de Lourenço Margues, Moçambique e, de forma menos acentuada, com espaços portugueses, por meio do discurso memorialístico. A pesquisa tem como base teórica a visão de Le Goff (2003), Bachelard (1993) e Halbwachs (2006) dentre outros. A obra traz informações de vivências pós-coloniais, referências a aspectos culturais, de memória histórica do lugar e ainda um nítido destaque ao espaço ficcional, construído a partir de segregações raciais numa perspectiva que representa a mentalidade do mundo colonial. Por meio dessa representação, o leitor percebe que a cidade não é concebida apenas como agregações populacionais, ou demarcações geográficas: há representações simbólicas pautadas em sociabilidades, nas experiências e significados que emanam do cotidiano, e trazem por suas manifestações de culturas e costumes, o imaginário social.