Apocalipse hematófago: agências do corpo vampiresco nas pandemias de Noturno e Apocalipse V

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Resumo

Em meio a grande diversidade de universos literários construídos a partir da figura mítica do vampiro, sempre figurou de maneira expressiva a questão da contaminação. Um devir vampiro é comumente subordinado ao contato direto com a entidade ou, minimamente, com seus fluidos corporais; outrossim, não obstante a natureza atribuída ao vampiro – seja a de um ser sobrenatural ou mesmo a de um corpo infectado por agente inteiramente natural – o tema do contágio, ou o próprio medo dele, se reafirma através dos séculos como recorrente nessas narrativas. Neste ensaio, consideraremos duas narrativas vampirescas do século XXI, Noturno (2009) de Guillermo del Toro e Chuck Hogan, e a série televisiva Apocalipse V (2019) da Netflix, nas quais o corpo do vampiro não apenas figura como, ou carrega, um vetor epidemiológico, tornando-se responsável pelo que se desenvolveria como uma pandemia devastadora, como também reflete e responde aos anseios de seus contextos de produção – como a figura do terrorista estrangeiro, o bioterrorismo, e a própria ansiedade causada por nossa fragilidade diante do advento de uma pandemia em larga escala.

Detalhes do artigo

Como Citar
Sardenberg, T. (2021). Apocalipse hematófago: agências do corpo vampiresco nas pandemias de Noturno e Apocalipse V. Abusões, 15(15). https://doi.org/10.12957/abusoes.2021.56408
Seção
“Ficções e epidemias – paisagens, políticas e catástrofes”
Biografia do Autor

Thiago Sardenberg, CPII

Thiago Sardenberg é doutor em Estudos de Literatura (2018) e mestre em Literaturas de Língua Inglesa (2012) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É autor do livro O vampiro à sombra do mal: a fluidez do lugar da figura mítica na literatura (2019), publicado pela Editora Appris. Tem como principais áreas de pesquisa as Literaturas de Língua Inglesa e Literatura Comparada, com ênfase em literatura gótica e literatura vampiresca.