A GROTESQUERIE PARISIENSE: TRAÇOS DO INSÓLITO NA NARRATIVA POLICIAL DE EDGAR ALLAN POE
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Resumo
Edgar Allan Poe foi o criador de uma obra cuja grandeza artística é proporcional à heterogeneidade que a compõe. Fora do mérito de se tratar de um dos inventores da narrativa detetivesca, o autor legou à posteridade uma série de contos, poemas, ensaios e correspondências, tangendo desde os temas clássicos da literatura fantástica até uma produção humorística e tantos exemplos de ficção à moda especulativa de caráter filosófico. Por tanta variedade, não foram poucas as tentativas de segmentar sua obra conforme seus temas. Em meio a esse esforço de classificação, tornou-se habitual que se considerasse que os contos de raciocínio, grupo que reuniria os três relatos do detetive C. Auguste Dupin e alguns outros afins, estaria destacado dos demais. A justificativa passa, em alguma medida, pela defesa do contraste provocado pela aura de esclarecimento que permeia o conto policial, reflexo de um mundo desejoso de se organizar pelo conhecimento e pelos desenvolvimentos tecnológicos, contra os impulsos nervosos herdados pela influência gótica, influindo especialmente sobre seus contos de horror. Entretanto, a narrativa que perpassa os acontecimentos que circundam o assassinato brutal de mãe e filha em uma Paris em plena ebulição ressoa em outros contos do autor, seja pela criação de atmosfera, seja pelas impressões comunicadas pelos respectivos narradores-testemunhas. O objetivo deste artigo será o de refletir a respeito das semelhanças entre a narrativa detetivesca de Edgar Allan Poe, a partir do conto “Os assassinatos na rua Morgue”, e algumas de suas narrativas fantásticas.
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