ROBERT LOUIS STEVENSON E O INSÓLITO JOGO DE ESPELHOS EM "MARKHEIM" (1884)

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Renato Barros de Castro

Resumo

Este trabalho aborda um dos temas mais caros à literatura fantástica, a saber, o tema da duplicidade e da multiplicidade do “eu”, construído em uma narrativa de crime que privilegia uma série de eventos insólitos. A partir de uma análise sobre as discussões acerca do gênero fantástico e do seu surgimento, tendo por fundamentação teórica autores como Tzvetan Todorov e David Roas, o artigo pretende analisar o conto Markheim (1884), de Robert Louis Stevenson (1850-94), sob a perspectiva da construção da alteridade na narrativa, sem deixar de considerar os demais elementos que dialogam com textos de Edgar Allan Poe, um dos predecessores canônicos no gênero. Em Markheim, como em nenhuma outra narrativa de Stevenson (mesmo O estranho caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde), pode-se apreciar com tanta clareza a capacidade construtiva do autor e a forma como orquestra o uso dos elementos emblemáticos do fantástico e do insólito, conduzindo o leitor gradativamente ao estado de hesitação de que fala Todorov. Tudo isso não apenas por conta da meticulosa escolha das palavras, mas também graças a uma habilidade ímpar em evocar imagens, criar atmosferas e – principalmente – levar o tema da duplicidade ao ponto de proporcionar, ao leitor, uma reflexão aprofundada sobre a consciência humana e aos estranhos “eus” que carrega em si mesmo. Estudando o modo como se dá a construção dos elementos emblemáticos do fantástico na narrativa de crime Markheim – bem como os elementos de desestabilização da realidade –, este estudo espera trazer à tona um dos esteios da obra de Stevenson, revelador das angústias de toda uma geração de escritores. 

Detalhes do artigo

Como Citar
de Castro, R. B. (2020). ROBERT LOUIS STEVENSON E O INSÓLITO JOGO DE ESPELHOS EM "MARKHEIM" (1884). Abusões, 13(13). https://doi.org/10.12957/abusoes.2020.48791
Seção
O insólito em narrativas de crime, mistério e investigação
Biografia do Autor

Renato Barros de Castro, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Renato Barros de Castro é doutorando do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É servidor público da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde concluiu Mestrado em Letras (Literatura Comparada). É graduado em Comunicação Social (Jornalismo) e tem experiência na área de Letras e Comunicação. Autor do livro de contos de literatura fantástica O mistério de Frida Zeiden, obra finalista do Prêmio SESC de Literatura de 2016, e dos livros de crônicas Viagem a um Brasil insólito (2015), vencedor do Prêmio de Incentivo à Publicação e Divulgação de Obra Inédita da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (SECULT), e Geografia afetiva (2011), vencedor do Prêmio Milton Dias (2011), dentre outros. Também é autor de artigos em periódicos e obras bilíngues como Plac Bohaterów Getta, publicada na Polônia.

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