O DUPLO E O INQUIETANTE NO FANTÁSTICO DE GUY DE MAUPASSANT

Conteúdo do artigo principal

Jorge de Azevedo Moreira

Resumo

Este artigo se organiza em torno de algumas reflexões relacionadas às diferentes maneiras pelas quais o duplo, tema recorrente na literatura fantástica, figura em Guy de Maupassant. Para isso, partiremos de certos pontos teóricos ligados à antropologia (o confronto entre a mentalidade arcaica e a mentalidade positiva, tal como Jean Fabre define) e à psicanálise (a sensação de inquietante abordada por Sigmund Freud). Demonstraremos, além disso, que a própria estrutura das narrativas curtas de base realista do século XIX mantém importantes relações com o duplo, situação particularmente observável nos textos de Maupassant. É esse o ponto de vista proposto por Thierry Ozwald, segundo o qual o termo novela (nouvelle) só pode ser empregado para se referir às narrativas curtas daquele século, em razão do caráter fenomenológico destas: a novela marcaria uma crise da consciência individual, da qual o duplo é um signo. Nesse contexto, as narrativas de Maupassant nos mostram uma realidade instável, ameaçadora, até mesmo apavorante, com sua produção fantástica encarnando o paroxismo desse processo de crise subjetiva.

Detalhes do artigo

Como Citar
Moreira, J. de A. (2019). O DUPLO E O INQUIETANTE NO FANTÁSTICO DE GUY DE MAUPASSANT. Abusões, 10(10). https://doi.org/10.12957/abusoes.2019.42822
Seção
Das unheimliche, “o inquietante”
Biografia do Autor

Jorge de Azevedo Moreira, Colégio Pedro II

Mestre em Língua Francesa e Literaturas de Língua Francesa pela UFRJ

Doutor em Língua Portuguesa, pela UFRJ

Professor de Francês - Colégio Pedro II

Pesquisador do NEFB / CP2 - Núcle de estudos franco-brasileiros