LINGUAGENS DO INSÓLITO: A CONSTRUÇÃO ESTILÍSTICO-TEXTUAL DO GROTESCO NA FICÇÃO DECADENTE

Conteúdo do artigo principal

Daniel Augusto Pereira Silva

Resumo

Tanto a literatura gótica quanto a ficção fantástica empregaram técnicas características das poéticas do grotesco para criar personagens e situações não apenas sobrenaturais, mas também capazes de causar horror e repulsa como efeitos de recepção. Por gerar seres disformes, sem unidade aparente e de difícil subsunção a categorias racionais, a arte grotesca é, de fato, pródiga em produzir tanto a hesitação própria ao fantástico quanto o medo essencial às narrativas de horror. No final do século XIX, a ficção decadente, tributária dessas duas tradições literárias, em sua busca por experiências estéticas originais e intensas, valeu-se sistematicamente de procedimentos típicos do grotesco literário. Este trabalho irá se centrar na descrição dos elementos grotescos no plano estilístico, como a partir do uso recorrente de neologismos e de palavras raras, de construções sintáticas inesperadas, além de inversões na ordem típica das estruturas sintagmáticas. Ao contrário do que a crítica muitas vezes apontou, tal estilo de escrita não foi fruto de uma erudição vazia ou de simples diletantismo artístico; na verdade, sua utilização foi intencional, voltada exatamente para intensificar a fruição estética. A fim de demonstrar o emprego dessas estratégias textuais e estilísticas empregadas pela ficção decadente, analisamos trechos do romance Là-bas (1891), de J.-K. Huysmans, e o conto “Agonia por semelhança”, publicado por Gonzaga Duque em Horto de mágoas (1914).

DOI: 10.12957/abusoes.2017.30141

Detalhes do artigo

Como Citar
Pereira Silva, D. A. (2017). LINGUAGENS DO INSÓLITO: A CONSTRUÇÃO ESTILÍSTICO-TEXTUAL DO GROTESCO NA FICÇÃO DECADENTE. Abusões, 5(5). https://doi.org/10.12957/abusoes.2017.30141
Seção
Artigos
Biografia do Autor

Daniel Augusto Pereira Silva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Daniel Augusto P. Silva é mestrando em Teoria da Literatura e Literatura Comparada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e bolsista CAPES sob orientação do Prof. Dr. Júlio França (UERJ). Além disso, integra o Grupo de Pesquisa Estudos do Gótico (CNPq). É coorganizador do livro Páginas Perversas: narrativas brasileiras esquecidas (Appris, 2017).