Husserl e a Descoberta da Terra: Prolegômenos para uma Arqueologia do Sentido
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2022.63916Palavras-chave:
Fenomenologia, Transcendental, Natureza, Terra, Território, Husserl, Merleau-PontyResumo
No presente artigo, examino a função transcendental do conceito de Terra para a constituição da espacialidade e da temporalidade na fenomenologia tardia de Edmund Husserl. Primeiramente, analiso o problema da bifurcação da experiência entre a apercepção das ciências naturais e a experiência do mundo da vida, mostrando como a epoché das ciências naturais resolve este paradoxo ao impor uma limitação à pretensão de hegemonia do naturalismo sobre a verdade e o conhecimento. A seguir, argumento que a limitação do naturalismo permite uma diferenciação eidética dos fenômenos, estabelecendo a possibilidade de uma análise da espacialidade segundo a relação genética entre corpo (Körper), corpo vivo (Leib) e Terra (Erde). Neste caso, a Terra não é simplesmente um objeto da experiência, mas um elemento pré-subjetivo das condições de possibilidade da experiência. Por fim, mostro as consequências da função transcendental da Terra para a análise da temporalidade e da historicidade. Por um lado, a fenomenologia tardia de Husserl se caracteriza por uma territorialização do sentido, na qual o campo da experiência é enraizado na intersubjetividade de uma pluralidade de territórios organizados em um mesmo espaço terrestre. Território e Terra são horizontes da experiência possível que se encontram em uma relação de coinclusão e entrelaçamento, indicando uma superação da divisão clássica entre natureza e cultura. Por outro, esta territorialização do sentido tem uma consequência importante para a filosofia fenomenológica, uma vez que permite formular o programa de uma arqueologia do sentido.Downloads
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Publicado
2022-07-19
Como Citar
BARROSO, Gabriel Lago de Sousa. Husserl e a Descoberta da Terra: Prolegômenos para uma Arqueologia do Sentido. Ekstasis: Revista de Hermenêutica e Fenomenologia, Rio de Janeiro, v. 11, n. 1, p. 198–241, 2022. DOI: 10.12957/ek.2022.63916. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/Ekstasis/article/view/63916. Acesso em: 24 mar. 2025.
Edição
Seção
Artigos