“Eu não sou sua princesa”: um diálogo entre mulheres
DOI:
https://doi.org/10.12957/ek.2019.49318Palavras-chave:
Mulheres Indígenas, Feminismos, Decolonizar, Literaturas IndígenasResumo
Partindo do pressuposto de que a luta das mulheres Indígenas não começa na invenção do feminismo e que, de fato, o conceito de feminismo vem da Europa, este artigo se propõe a dialogar brevemente sobre mulheres Indígenas, feminismos e literatura, através do poema da escritora Indígena Chrystos (1946), “Eu não sou sua princesa” (1988), por mim traduzido. Chrystos discorre sobre os estereótipos e expectativas projetados sobre as mulheres Indígenas na contemporaneidade enquanto resultado da homogeneização feita pelo entendimento feminista eurocêntrico que não as permite espaço enquanto mulheres Indígenas, mesmo quando versadas na cultura da branquitude. Grande parte da retórica do feminismo branco não reverbera nas mulheres Indígenas, mas isso não significa que todos os aspectos do feminismo branco são rejeitados, e as partes compartilhadas não tornam mulheres feministas menos Indígenas. O engajamento com as pautas étnicas, ecológicas e de soberania não apaga a pauta de gênero, resultando no acúmulo de camadas de opressão que precisam ser vencidas. Este trabalho propõe um olhar para o poema de Chrystos que vai além de um discurso feminista branco, propondo uma prática decolonial que seja capaz de produzir outros mundos possíveis e novas epistemes.