Narrativa e repetição. Diálogos fenomenológicos com a Antígona de Sófocles

Autores

  • Adelaide Mascarenhas Pacheco LabCom.ifp/ Universidade de Évora

DOI:

https://doi.org/10.12957/ek.2015.19725

Resumo

A hermenêutica de Gadamer com o seu paradigma da “conversação” propõe uma via de aproximação aos grandes textos narrativos da tradição que, simultaneamente, respeita a sua idealidade intemporal de textos “literários” e permite a sua permanente mediação com o presente o histórico do seu intérprete.

Heidegger confrontou-se com a Antígona em Einführung in die Metaphysik de 1935 e no seminário Der Ister de 1942, e aí estabeleceu com o texto de Sófocles um diálogo claramente orientado pela preocupação de compreender a experiência grega do ser, expressa no célebre coro dos cidadãos tebanos, na sua infranqueável distância histórica.

Por outro lado, Heidegger respondeu à necessidade de lançar alguma luz na confusão e na obscuridade que acompanharam o seu próprio tempo histórico, com o desmesurado poder da técnica, e a experiência da Un-heimilcheit, do estar lançado para fora do familiar e exposto ao poder do nada.

A escuta da palavra grega, traduzida “livremente” por Hölderlin, franqueou a Heidegger o encontro com a experiência grega do trágico, assim como a capacidade de resguardar-se dela e mantê-la à distância, procurando uma outra relação entre o homem e o ser, que ainda seja pensável no tempo do desamparo e da fuga dos deuses.

Tal diálogo entre o filósofo alemão e o poeta-dramaturgo grego confirma a importância que Gadamer atribui à hermenêutica filosófica dos textos literários, como meio de nos confrontarmos com o outro, mudando-nos anos mesmos e reconduzindo-nos ao caminho do ser e da linguagem.

DOI:10.12957/ek.2015.19725

Biografia do Autor

Adelaide Mascarenhas Pacheco, LabCom.ifp/ Universidade de Évora

Licenciatura e Mestrado em Filosofia pela FLUL

Doutoramento pela UE com a dissertação " Linguagem, tradição e tradução. A receção de Heidegger emllíngua portuguesa"

Tradução de Heidegger, " Lógica. A pergunta pela essência da linguagem", Lisboa, Gulbenkian, 2008.

Membro do centro de investigação LabCom.ifp/UE.

Professora do Ensino Secundário.

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Publicado

2016-02-07

Como Citar

Pacheco, A. M. (2016). Narrativa e repetição. Diálogos fenomenológicos com a Antígona de Sófocles. Ekstasis: Revista De Hermenêutica E Fenomenologia, 4(2), 75–99. https://doi.org/10.12957/ek.2015.19725