CALL FOR PAPERS / Chamada de trabalhos

2020-02-09

Dossiê temático: “Técnica, tecnologia e comunicação: desafios da hermenêutica contemporânea”

Submissões até 30/08/20 

Segundo Heidegger, A questão da técnica representa o desdobramento máximo da metafísica como pensamento marcado pelo constante esquecimento da questão do ser. O que temos em vista ao articular o problema da técnica à maquinação é justamente o fato de esta ser uma das determinações possíveis do processo de objetivação levado a termo pelo desencobrir técnico. Isto ocorre porque na técnica, de modo geral, reside “a possibilidade de toda elaboração produtiva” (2006, p. 17). Nesse sentido, o produzir técnico é também uma forma de desencobrimento (Unverborgenheit) responsável por provocar um descerramento de mundo. Dessa forma, a técnica seria um produzir que possui uma finalidade específica, que consiste no desvelar de uma verdade oculta no interior do objeto. Em sua acepção antiga, a abertura propiciada pela técnica seria uma espécie de “trazer o sentido abrigado para um desocultamento”, evidenciando a finalidade do objeto produzido para o ser-aí humano (her-vor-bringen). Contudo, na técnica moderna, esse “produzir da acepção antiga” cede lugar a um sentido de exploração (her-aus-forderung), no qual a natureza passa a estar inteiramente disponível ao ente humano conforme a maquinação. Esta, por sua vez, é a primeira determinação da essência da técnica, responsável por desencadear um processo de objetificação da realidade. O problema da maquinação não se reduz, contudo, à técnica moderna. Na medida em que o seer se retrai encobrindo-se na abertura que objetifica e expõe o ente, a história metafísica se encarrega de transformar o abandono do ser no acontecimento fundamental de toda a história. Isso acontece porque a abertura a partir da qual o seer se retrai não constitui o desvelamento de uma verdade constitutiva e originária.