A RELAÇÃO CIDADE-RAÇA-CAPITAL NO ESPAÇO URBANO CARIOCA: UMA ANÁLISE DAS REMOÇÕES NO PERÍODO PREPARATÓRIO PARA OS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS

Resumo

O trabalho a que se propõe este artigo é analisar a remoção e a resistência no espaço urbano carioca com o esforço constante de observar a relação cidade-raça-capital. A análise se embasou em uma revisão de literatura sobre estudos e pesquisas sobre as remoções em período recente da história carioca: os preparatórios para os megaeventos esportivos. Primeiramente aborda-se o capitalismo contemporâneo, sua relação com o espaço e correlações da atual crise financeira com o espaço urbano carioca. Em segundo, recorta-se o objeto de análise trazendo o foco para os processos de remoção e resistência nos preparatórios dos megaeventos de 2014 e 2016, período posterior à crise econômica de 2007/2008 e momento em que os efeitos dessa crise eram intensos em todo o mundo. Após esta etapa, apresentam-se alguns estudos sobre algumas comunidades removidas procurando sempre centralizar a variável raça. Por fim, expõe-se uma das formas de resistência engendradas pela população atingida. Foi observado que a população se organizou em comitês populares, fóruns e associações em conjunto com pesquisadores e acadêmicos universitários; além da mobilização e uso político do Direito e de instituições estatais para combater a própria ação estatal de remoção. Conclui-se que limitar o estudo do espaço urbano à relação cidade-capital olvida a dupla opressão (de classe e raça) que pessoas não brancas podem sofrer na cidade. Além disso, conclui-se pela exigência por cidadania (o direito a ter direitos) pela população quando dos processos de resistência e uma certa esperança normativa no Direito durante este processo.