HISTÓRIA DE NEGROS, MEMÓRIA DE MULHERES: NARRATIVAS SOBRE O ESPAÇO URBANO
DOI:
https://doi.org/10.12957/espacoecultura.2014.22025Palavras-chave:
memória e espaço, participação e gênero, Rio Claro - SPResumo
Na pesquisa realizada sobre a cultura negra em Rio Claro-SP, foi possível identificar que seus conteúdos materiais e simbólicos se representam no espaço urbano evocando territorialidades e reforçando formas de pertencimento grupal. Os lugares de memória (NORA;1993) permitem uma abordagem material (simbólica e funcional), revividos pela comunidade através de festas e rituais. Com a coleta de depoimentos, registros fotográficos e pesquisa documental, observou-se que muitos saberes e práticas dessa população se mantiveram ao longo do tempo, possibilitando resistir ao processo de segregação social ao qual foram submetidos desde os tempos do cativeiro. Através da congada, umbigada de São Benedito, carnaval, umbanda, candomblé e hip hop, eles têm marcado lugares de memória da cultura negra buscando a valoração de seu patrimônio cultural. As mulheres desempenham papel fundamental na organização desses grupos negros, assumindo a centralidade não apenas no ambiente doméstico ou na rede de parentesco, mas também nas ações de políticas públicas municipais. Na representatividade dessa população perante a sociedade local, elas têm se destacado como portadoras da memória grupal - griôs, mães de santo - e como lideranças de entidades como o Conselho da Comunidade Negra de Rio Claro (CONERC) e Assessoria de Integração Racial, reforçando a participação da comunidade no cenário municipal.