O medo do prazer na leitura da história

Um pouco sobre o historiador e a suspeita da boa escrita

Autores

Resumo

O presente artigo tem como intuito analisar as suspeitas da disciplina historiográfica em relação a textos prazerosos. A dizer, aqueles em que, geralmente, se mobiliza recursos estéticos associados à literatura, como as figuras de linguagem. Para isso, busca-se, através da reconstituição de arcos de longa duração: estabelecer uma definição de prazer; recuperar o seu afastamento de aspectos cognitivos da mente e do corpo humanos; e as implicações desse movimento nos aspectos materiais da produção do texto de historiadores. O cerne do argumento está na constatação de uma correlação entre vontade de verdade e a disposição material ou gráfica do texto historiográfico na página. E, consequentemente, as implicações dessa relação nas expectativas estéticas que se faz sobre o discurso médio da nossa disciplina. Por isso, também está contido no artigo um breve balanço sobre as discussões e preocupações do nosso campo com a materialidade da comunicação. A partir dessas discussões e provocações, neste texto se busca conduzir uma reflexão sobre os limites da segurança e do conforto, permitidos pela disposição tradicional do texto, em contraposição ao alerta e à suspeita despertos pela fruição. Sintetizando a discussão em uma pergunta: onde estaremos mais desatentos e menos críticos, junto ao texto que nos deixa alerta pela sua potencial obscuridade? Ou ao lado do que nos relaxa pela familiaridade?

Biografia do Autor

Lina Alegria, UNICAMP

Formou-se bacharel em história pela PUC-Rio em 2020 com a monografia "3 Ensaios sobre 'Liberdade'". Ao longo da graduação foi bolsista PIBIC/CNPq durante 3 anos consecutivos, integrando os grupos de pesquisa "Representações Espaciais, temporalidades e construção da nação no Brasil, Argentina e Chile no século XIX: os conceitos de Sertão, Pampa e Araucania" e "História e Retórica: diálogos antigos e apropriações contemporâneas". Atualmente, é mestrada da UNICAMP, na linha Dinâmicas e Linguagens Políticas: Representações, Espacialidade e Historiografia, na qual desenvolve a pesquisa "Sentimento do Mundo: a práxis revolucionária e a produção passional na poesia de resistência francesa (1940-1945)", sob orientação da Prof. Maria Stella Bresciani. Ademais, integra os grupos de estudos "Da autoria literária: história, atualidade e perspectivas" (CNPq/USP), "História e linguagens políticas: razão, sentimentos e sensibilidades" (CNPq/UNICAMP) e "Limites do tempo" (PUC-Rio/UFJF). Tem entre seus temas de maior interesse a relação entre arte e política; as aproximações e distanciamento entre performance e ação; a correlação entre política e sistemas sócio-afetivos; e a temporalidade da utopia.

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Publicado

2024-07-23

Como Citar

Alegria, L. (2024). O medo do prazer na leitura da história: Um pouco sobre o historiador e a suspeita da boa escrita. Dia-Logos: Revista Discente Da Pós-Graduação Em História, 17(2). Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/dia-logos/article/view/79602

Edição

Seção

Artigos Livres