OS ELEMENTOS DE HUMOR E DA IRONIA COMO POTENCIALIZADORES DE UMA LEITURA DISTÓPICA CRÍTICA NAS TIRINHAS DA SÉRIE MAFALDA QUE TRAZEM O MEIO AMBIENTE COMO TEMA
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Resumo
É possível realizar uma leitura partindo do princípio distópico crítico em um gênero que não faz parte da tradição literária própria da distopia crítica? Essa é uma das perguntas que motivaram a construção do presente artigo, cujo objetivo é o de identificar se a série Mafalda estabelece diálogos com a distopia crítica e como o desenvolvimento desses diálogos é construído dentro da narrativa, por meio dos elementos do humor e da ironia. Para isso, utilizo como objeto de estudos a série Mafalda, publicada pelo humorista e quadrinista argentino Quino, entre os anos de 1964 e 1973, e que está diluída nas coletâneas Toda a Mafalda, que reúne em um único volume todas as tirinhas publicadas oficialmente no período mencionado, e Mafalda Inédita, que põe em circulação as tirinhas que foram censuradas e não publicadas oficialmente. Este estudo conta como procedimento metodológico a pesquisa de caráter bibliográfico, que possibilita a investigação de um tema a partir do material já publicado. As análises foram realizadas em tirinhas que dispunham como temática central discussões sobre o meio ambiente. A perspectiva de análise encontra-se centrada nos postulados teóricos críticos de Tom Moylan (2016), Raffaella Baccolini (2000) e Moylan e Baccolini (2003). Após identificar os elementos de humor e de ironia presentes em cada fragmento mapeado verifiquei se as características distópicas críticas consideradas por Moylan e Baccolini como sendo partes dessa vertente textual se manifestavam. Analisar a possibilidade de uma leitura da série Mafalda, a partir de uma perspectiva distópica crítica, primeiramente alinha-se com uma quebra de um padrão seguido até o momento, visto que as análises sob essa perspectiva são realizadas comumente no gênero romance; segundamente possibilita a verificação da atuação de elementos próprios da distopia crítica sob uma análise distinta do habitual que sai dos padrões adotados atualmente. A construção desta análise ocasionou compreender que os efeitos reflexivos e de possível ação promovidos pela distopia crítica são potencializados através do uso dos elementos de humor e ironia presentes na estrutura narrativa da série em questão e do gênero quadrinhos, suporte no qual a obra se desenvolve. Isso oportuniza que o público leitor tenha um contato quase que instantâneo com a intensidade de informações desse material, por meio do uso simultâneo dos textos verbal e não-verbal que é característico das tirinhas.
Palavras-chave: Distopia crítica. Humor. Ironia. Quadrinhos. Mafalda
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