O SENHOR DAS MEMÓRIAS LEMBRANÇAS, IDENTIDADES E ESQUECIMENTOS EM J. R. R. TOLKIEN
Main Article Content
Abstract
Neste trabalho, procuramos analisar a obra fantástica de J. R. R. Tolkien (1892-1973) como um produto de suas experiências e de suas memórias pessoais. As lembranças e os traumas estão ali, mas em um estado plasmático, já que na modernidade, em especial no Pós-Primeira Guerra e em tudo o que ela representou, é difícil transmitir experiências claras. No caso de The Lord of the Rings, suas ideias podem se relacionar a, pelo menos, três memórias de seu autor: a do soldado que sobreviveu às trincheiras, a despeito da perda de seus amigos; ao jovem que, junto a esses mesmos amigos, vasculhava o passado mitológico em busca das origens de seu povo; à criança que cresceu em um lar onde se lia e se ouvia histórias fantásticas e contos folclóricos. Para levar a cabo tudo o que escreveu, Tolkien, assim como tantos outros escritores, sofreu os efeitos de uma profunda mudança na relação entre passado e presente. O futuro, diferentemente do que apregoava o velho sonho iluminista do século XVIII, não parece ser belo e pródigo, mas sombrio e apavorante. Daí o recurso ao passado pré-moderno, não urbano e não industrial, como um instrumento para dar sentido às coisas. Esse sentido não viria por meio de um constructo alegórico, com correspondências explícitas no mundo real, e sim um produto final gerado a partir de uma atmosfera de ideias, formada por memórias e, sobretudo, por esquecimentos.
Downloads
Article Details
