EVOLUÇÃO E FIM EM PLANETA DOS MACACOS

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Fabiane Alves Martins

Resumo

No romance Planeta dos Macacos,  de 1963, o escritor Pierre Boulle nos apresenta a história de Ulysse Mérou, um jornalista que embarca em uma viagem interestelar em busca de vida inteligente. Em sua jornada, Ulysse encontra um planeta que espelha uma realidade distorcida da Terra, na qual o homem é destituído de cultura, comunicação verbal, leis e religião, tendo como espécie dominante o símio. Desse modo, a partir de uma inversão de papéis que critica os elementos mais básicos das sociedades humanas em sua relação com os animais, Boulle mergulha seu leitor em um mundo que viu o fim da raça humana como a conhecemos. Porém, ao tematizar um futuro desolador para o homem, o romance oferece uma detalhada visão do passado, baseada em teorias da evolução humana, como as de Darwin (2018). Ao desconstruir uma determinada interpretação da evolução da vida, Boulle trabalha com a desmistificação de discursos redutores que estão na base de uma crença na superioridade humana sobre as demais espécies. Em meio aos ecos do que um dia teria sido a humanidade, a obra nos obriga a questionar a definição de humano, o que será refletido à luz das ideias do paleoantropólogo Pascal Picq (2014). Ao longo da narrativa, leitor e protagonista são levados a confrontar a fragilidade do conhecimento que o ser humano detém sobre a vida.

Detalhes do artigo

Como Citar
Martins, F. A. (2023). EVOLUÇÃO E FIM EM PLANETA DOS MACACOS. Abusões, 22(22). https://doi.org/10.12957/abusoes.2023.72846
Seção
Distopia e Contemporaneidade
Biografia do Autor

Fabiane Alves Martins, UFF

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminese, na área de literatura comparada, a autora desenvolve sua pesquisa atual em torno da área de Letras, na linha de pesquisa Literatura, História e Cultura, através do estudo da representação da ciência e do animal em obras de ficção científica, sob a orientação do professor doutor André Cabral de Almeida Cardoso. Tendo sido mestranda bolsista pela CAPES de 2018 a 2020, na área de literaturas francófonas, assim como pelo CNPQ, com pesquisa de PIBIC entre 3013 e 2017, no período da graduação, sua pesquisa abrange atualmente literaturas de língua francesa e inglesa entre os séculos XIX e XX. Além disso, sua pesquisa apresenta pontos de contato com ciências como biologia, bioética e economia. A autora também faz parte do grupo de pesquisa sobre distopia, liderado pelo professor orientador André Cardoso.