LÓGICA COLONIALISTA E NECROPOLÍTICA A MORTE E O METEORO DE JOCA TERRON
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Resumo
Aimé Césaire, em seu manifesto-denúncia, Discurso sobre o colonialismo (2020), caracteriza a natureza perversa deste tipo de domínio a partir da comparação com o nazismo e da cumplicidade dos europeus, na medida em que, durante os séculos das conquistas, a aplicação dos mesmos métodos só atingiu “apenas a povos não europeus. A equação do pensador martinicano “colonização = coisificação” (CÉSAIRE, 2020, p.24) fica dramatizada em A morte e o meteoro, o sombrio romance de Joca Terron (2019). Seu tom soturno, seu baixo-contínuo de fim vai entoando uma espécie de melancólico réquiem à dilapidação ecológica do mundo e à ausência de porvir da espécie humana. O Antropoceno, como a nova era geológica da terra assoberbada e doente em decorrência da ação humana sobre ela, capaz de corroê-la, como se ocorressem transformações geofísicas extremas, manifesta inequivocamente a “intrusão de Gaia” em seu “suscetível agenciamento de forças indiferentes” (STENGERS, 2015, p.39) na história do mundo. E se a origem da crise pode ser reportada à Revolução Industrial e às relações de produção capitalista, os humanos permanecem divididos por interesses contrários e incompatíveis, no que tange às providências no sentido de um menor dispêndio energético. Nesse sentido, como apontam muitos estudiosos do assunto, o homem, além de mortal, torna-se mortífero ao ambiente propício à existência da própria espécie.
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