BASTA DE NOS QUEIMAR!: UMA LEITURA DE “AS COISAS QUE PERDEMOS NO FOGO”, DE MARIANA ENRÍQUEZ
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Resumo: Historicamente, a violência contra a mulher foi tolerada e até mesmo encorajada em muitas sociedades. Apesar de vários avanços provocados pelos movimentos feministas no que diz respeito à legalização dos direitos das mulheres, os casos de feminicídio ainda assombram diversos países. De acordo com Roas (2014), a literatura fantástica contemporânea visa denunciar a anormalidade do cotidiano. Nessa perspectiva, entendemos que o conto “As coisas que perdemos no fogo”, de Mariana Enríquez, pode ser lido a partir dessa premissa, pois consideramos anormal que mulheres sejam agredidas e mortas. O referido conto gira em torno das ações do coletivo de mulheres ardentes, as quais organizam fogueiras para a queima de possíveis vítimas de violência, antecipando-se às futuras agressões. Compreendemos que esta ação insólita questiona o absurdo da violência cometida contra as mulheres. Assim, traçamos como objetivo do presente estudo examinar as estratégias de resistência à violência de gênero utilizadas pelas personagens do mencionado conto. Nosso trabalho se justifica tanto pela oportunidade de visibilizar a obra da autora argentina quanto pela necessidade de provocar inquietações sobre a temática da violência de gênero. Inicialmente, refletimos sobre a produção de autoria feminina fantástica na América Latina. Em seguida, apresentamos algumas considerações sobre o fantástico na contemporaneidade, especialmente, na Argentina. A continuação, examinamos o conto de Enríquez, investigando como as mulheres ardentes foram representadas e discutindo suas estratégias de resistência. Teoricamente nosso trabalho está fundamentado nos estudos de Roas (2014), García (2007), Rodrigues (2007), Lerner (2019), Saffioti (2004), Zolin (2019), entre outros.
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