Apocalipse hematófago: agências do corpo vampiresco nas pandemias de Noturno e Apocalipse V
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Resumo
Em meio a grande diversidade de universos literários construídos a partir da figura mítica do vampiro, sempre figurou de maneira expressiva a questão da contaminação. Um devir vampiro é comumente subordinado ao contato direto com a entidade ou, minimamente, com seus fluidos corporais; outrossim, não obstante a natureza atribuída ao vampiro – seja a de um ser sobrenatural ou mesmo a de um corpo infectado por agente inteiramente natural – o tema do contágio, ou o próprio medo dele, se reafirma através dos séculos como recorrente nessas narrativas. Neste ensaio, consideraremos duas narrativas vampirescas do século XXI, Noturno (2009) de Guillermo del Toro e Chuck Hogan, e a série televisiva Apocalipse V (2019) da Netflix, nas quais o corpo do vampiro não apenas figura como, ou carrega, um vetor epidemiológico, tornando-se responsável pelo que se desenvolveria como uma pandemia devastadora, como também reflete e responde aos anseios de seus contextos de produção – como a figura do terrorista estrangeiro, o bioterrorismo, e a própria ansiedade causada por nossa fragilidade diante do advento de uma pandemia em larga escala.
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