HORROR, VIOLÊNCIA E EPIDEMIA: O INSÓLITO NAS NARRATIVAS DE MARIANA ENRÍQUEZ E JUAN MIGUEL AGUILERA
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Resumo
Os textos literários permitem situar – narrativa e discursivamente – as doenças e as epidemias no âmbito de suas tramas ficcionais, construindo, a sua maneira, distintos mosaicos que refletem o mais imediato e o mais profundo dos tempos de ameaça pandêmica. Por sua vez, o horror, entendido como gênero, ao longo da história literária também instrumentaliza de maneira expressiva a imagem e a presença da doença, seja como tema, metáfora ou estrutura linguístico-literária. A partir dessa ideia, este trabalho estuda os contos “Las cosas que perdimos en el fuego” da argentina Mariana Enríquez e “Pureza de sangre” do espanhol Juan Miguel Aguilera buscando perceber como se propõe o tema da epidemia, bem como suas problematizações, utilizando o horror para compor as dimensões imagináveis e inimagináveis. Nas narrativas estudadas, o insólito se instaura e revela a opressão social e o silenciamento feminino, vistos como fenômenos doentios, patológicos, epidêmicos e imanentes às realidades contemporâneas. Uma epidemia de mulheres queimadas em Buenos Aires e una pandemia do vírus ebola, localizada em um mundo tomado por uma ditadura teocrática, são as realidades que se apresentam nos contos e provocam a leitura crítica dos sentidos do insólito e do horror, formas possíveis para compreender os muitos sentidos do medo e da ameaça.
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