LOVECRAFT E OS MATIZES GOTICISTAS EM THE DREAMS IN THE WITCH HOUSE
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Resumo
RECEBIDO EM 11 MAR 2017
APROVADO EM 30 MAR 2017
O conto Dreams in the Wich-House, do norte-americano H. P. Lovecraft, publicado em 1933, apresenta várias nuances goticistas em sua tessitura. Por Goticismo compreendemos aquilo que se aproxima da estética gótica. Há convergências assim como há também inovações do conto em questão em relação ao modelo gótico tradicional. Os pontos de intersecção que mais se fazem notar são o espaço da casa mal-assombrada, a figura monstruosa da bruxa, bem como de seu familiar, o peso do passado opressor que assombra o presente, a presença da tradição como potência ameaçadora, a apresentação de uma modernidade desencantada, com fortes traços decadentistas e expressionistas, estéticas aparentadas do Gótico, e a semelhança com o enredo do chamado Gótico masculino, em que o feminino avulta como força destruidora. Os diferenciais em relação ao Gótico tradicional assumem aspectos inovadores e marcadamente lovecraftianos, como os desdobramentos espaciais do locus horribilis, a ausência de uma estrutura patriarcal como em O Castelo de Otranto, e as amplificações cósmicas do horror gótico. Desta forma, muito mais do que reconhecer o conto de Lovecraft como exemplar do gênero gótico, preferimos considerá-lo como uma narrativa eivada de goticismos. Neste sentido, a topoanálise faz-se chave de investigação privilegiada para tais suposições. O fantástico no conto se consubstancia tanto na concepção todoroviana de tensão entre o real e o sobrenatural como na acepção defendida por David Roas, segundo a qual o sobrenatural tem a palavra final. E, na narrativa, fato e ficção se interpolam, uma vez que a história norte-americana é recriada ficcionalmente enquanto constructo goticista.
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North american writer H. P. Lovecraft’s short-story “Dreams in the Witch-House”, published in 1933, presentes several shades of Gothicism in its fabric. By Gothicism we understand that which closely resembles Gothic literary style. Similarities as well as innovations in relation to traditional Gothic plots can be found in that short-story. The most outsdanding points in common are the setting, with its haunted house, the monster, embodied by the witch and her familiar, the weight of the oppressive past that haunts the present, the presence of tradition as a threatening force, the depiction of a decaying modernity, with traces of decadence and expressionismo, and the similarity with the male Gothic plot, in which the feminine looms as a menace. The novelties of this short story in relation to traditional Gothic plots take on innovative and lovecraftian aspects, such as the spatial unfoldings of the locus horribilis, the absence of a patriarchic structure as in The Castle of Otranto, and the cosmic amplifications of Gothic horror. Thus, we prefer to see Lovecraft’s short story as full of Gothicisms rather than consider it as an example of Gothic literature. In that direction, topoanalysis proves to be the privileged key to such investigations. The supernatural has the upper hand, and fact and fiction are intertwined, since American History is fictionalized into a Gothicist construct.
DOI: 10.12957/abusoes.2017.27943
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